Alguns dias se passaram até que, enfim, chegou a tão esperada sexta-feira. Luna estava terminando de fechar o zíper de seu vestido quando parou por alguns instantes para observar o próprio reflexo no espelho. Vestia um modelo preto, tomara que caia, acetinado e liso, com comprimento até a metade das coxas. Calçava uma sandália de salto fino e optou por deixar os cabelos soltos, com ondas que acabara de modelar. Não ousou na maquiagem, exceto pelo batom vermelho-cereja.
James estacionou o carro em frente à casa enquanto esperava. Drica desceu apressadamente para buscá-la.
— Luna! Já está pronta? — chamou, batendo levemente à porta.
Ao ouvir a amiga, Luna pegou sua bolsa sobre a cama e saiu apressada. Ao abrir a porta, deu de cara com Drica.
— Você está um arraso! Eu não imaginei que o vestido ficaria tão bem em você — comentou Drica, surpresa.
— Obrigada, Drica! Quando vesti pela primeira vez, achei estranho... mas depois de um tempo me olhando no espelho, acabei gostando do que vi. A propósito, adorei sua sandália! É nova?
— É sim! Comprei na Wandy e, o melhor, estava na promoção.
— Que legal!
— Sem querer atrapalhar, mas vocês podem continuar essa conversa dentro do carro? — interrompeu James, colocando a cabeça para fora da janela.
Luna e Drica trocaram sorrisos cúmplices e entraram no veículo.
---Diante da boate, depararam-se com uma multidão. As filas davam voltas no quarteirão; todos aguardavam ansiosamente pela grande inauguração. A nova casa noturna do renomado empresário Eron Garossy era o assunto da cidade.
Após alguns minutos de espera, Luna finalmente entrou. Ficou maravilhada com a grandiosidade do ambiente: a decoração em tons de cinza, vermelho e preto era sofisticada, e a música alta fazia seu corpo vibrar com as batidas. Era a primeira vez que ela frequentava um lugar como aquele, e não sabia explicar ao certo o que sentia—uma espécie de adrenalina misturada com encantamento.
---Sobre Eron
No primeiro andar da casa noturna, o escritório de Eron tinha uma grande parede de vidro transparente que lhe permitia uma visão panorâmica do salão principal. Ele permanecia em pé, contemplando o movimento lá embaixo.
— Mais uma casa aberta com sucesso, Eron — disse Xavier, aproximando-se.
O mafioso continuava em silêncio, sério, com uma das mãos apoiada no queixo.
— Estamos com lotação máxima essa noite. Como se sente diante de mais esse sucesso? — insistiu Xavier.
— É o que se espera nos primeiros dias. Ainda é cedo para cantar vitória, não acha? — respondeu Eron, dando as costas ao parceiro.
Sem dizer mais nada, deixou o escritório e saiu para o salão. Dois seguranças o aguardavam na porta e imediatamente o seguiram, atentos.
No bar, Luna e Drica aguardavam seus drinks.
— Não sei se é uma boa ideia beber, Drica. Nunca tomei nada além de refrigerante — confessou Luna.
— Deixa de bobagem, Luna! Estamos aqui pra nos divertir. Seu pai está no Brasil, não tem como ele saber que você bebeu — disse, rindo.
A trilha sonora variava entre música eletrônica, house, black music, rock e até jazz. Eron caminhava pela multidão, que abria caminho respeitosamente. Ele adorava aquele olhar que todos lhe lançavam — alimentava seu ego e reforçava sua sensação de poder.
Na pista de dança, Luna, Drica, James e um amigo em comum se divertiam ao som de Infinity, de James Young. Eron seguia rumo à área VIP, quando uma mulher chamou sua atenção.
Ela usava um vestido preto colado e tinha os cabelos ondulados, soltos. Dançava como se estivesse em transe, sentindo a música percorrer seu corpo. Os braços se moviam no ritmo, elevados e graciosos. Para Eron, ela dançava em câmera lenta.
— Esperem! — ordenou aos seguranças, parando subitamente.
— Aconteceu algo estranho, Eron? — perguntou Xavier, confuso.
Eron não respondeu. Estava completamente hipnotizado pela imagem da mulher.
---Na pista de dança
— Luna, o Pietro pediu para me levar em casa. Você se importa de ir com o James? — perguntou Drica, já se aproximando da amiga.
— Eu não sei se é uma boa ideia... James parece ter bebido além da conta — respondeu Luna, com expressão preocupada.
— Então tá! Posso deixar esse lance pra outro dia — respondeu Drica, fazendo bico.
Luna odiava se sentir um incômodo. Respirou fundo e voltou atrás.
— Drica, relaxa. Posso ir com o James, sem problemas.
— Tem certeza?
— Sim. Pode ir.
— Então tá! A gente se vê amanhã.
Drica se despediu e saiu com Pietro. Luna e James, então, se dirigiram à bancada do bar. James não parava de beber, o que começava a deixá-la inquieta.
— James, acho que já deu. Quero ir pra casa — disse Luna, tentando manter a calma.
— Agora, Luna?
— Sim.
— Que isso, Luna? A noite só está começando! Você precisa relaxar, gatinha. Vive sempre tão tensa, como se tivesse dez anos a mais do que sua idade — disse ele, descendo as mãos pela cintura dela.
Luna recuou, visivelmente desconfortável.
— James, você bebeu demais. Por favor, pare — pediu, tentando afastá-lo.
— Luna, eu sou louco por você... Vem cá — disse ele, segurando seu rosto.
— James, pare! Eu já disse que não.
— Só um beijo, vai...
— PARA! EU NÃO QUERO!
Luna tentou empurrá-lo, virando o rosto. Sentia-se perdida, sem saber como agir. James havia misturado gin com tônica durante toda a noite, e agora estava completamente fora de si.
— Você não ouviu ela dizer que não?
A voz firme fez Luna fechar os olhos. Era familiar, marcante.
Continua...
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