LIA (Lua)
O dia amanheceu sob uma névoa de culpa e arrependimento. Eu não consegui encarar Alexandre no café da manhã. Ele estava no escritório quando desci, e eu o evitei, focando em Lorena. O beijo parecia um erro cataclísmico que agora pairava entre nós, mais perigoso do que a minha fuga.
Assim que o motorista levou Lorena para a escola, eu me dirigi ao escritório. Alexandre estava ao telefone, mas me dispensou com um gesto.
— Sr. Bittencourt — comecei, mantendo o tom estritamente profissional, apesar da pele ainda formigando. — Lorena está na escola. Eu preciso ir ao hospital agora. Meu pai tem uma consulta importante.
Alexandre desligou o telefone e olhou para mim. Seu olhar era frio, mas continha uma camada de análise intensa.
— Claro. Posso pedir ao meu motorista para levá-la. É mais rápido e seguro.
A oferta era uma armadilha. Se eu aceitasse, o motorista relataria exatamente onde eu fui. Eu precisava ir para a casa de Ana.
— Agradeço, mas não será necessário. — Recusei, balan