LIA
O homem à minha frente era... deslumbrante. Alto, terno impecável, e uma aura de quem estava sempre no controle. Não era o sorriso caloroso que eu esperava, mas uma expressão neutra, quase impenetrável..
— Então você é a famosa Lia? — ele disse, a voz grave e sem inflexões, mais uma constatação do que uma pergunta. Seus olhos, escuros e intensos, pareciam penetrar além da superfície, lendo meus pensamentos, minhas inseguranças. Senti um arrepio percorrer minha espinha. Aquele homem seria o meu chefe?
— Sim, senhor. Meu nome é Lia. Maria me indicou.
— Maria tem um julgamento questionável, às vezes. Sente-se. — Ele gesticulou para o sofá de couro. — Não sou de perder tempo. Em poucas palavras: por que você?
O tom era cortante. Tentei ignorar o nervosismo.
— Eu sou técnica em enfermagem, senhor. E amo crianças. Meu currículo mostra que sou responsável, pontual e muito organizada. O que sua filha precisa agora é de estabilidade, e eu posso oferecer isso. E, com todo o respeito, eu pre