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Capitulo 5 - Então você é a famosa Lia?

Durval olhou para Jack com incredulidade diante da proposta. Jack daria tudo por ele? Era a oportunidade perfeita para ter Lia como sua dançarina por anos.

— Não vamos ser radicais. Para você ver o quão benevolente sou, vou emprestar-lhe esse dinheiro, e não precisa se preocupar com os juros — disse Durval, sabendo que Jack não conseguiria ficar longe das drogas. — Digamos que esse negócio dê certo; quero 50% dos lucros, além do meu dinheiro de volta.

Jack, apesar da hesitação inicial, sentiu um turbilhão de emoções. A esperança de finalmente realizar seu sonho profissional lutava contra o medo da dependência que o assombrava. A proposta de Durval era tentadora demais para recusar, mas a sombra das drogas pairava sobre ele como um espectro. Ele sabia que a dívida, mesmo sem juros, o prenderia a Durval por um longo tempo, e o sucesso do negócio era incerto. A dependência era uma armadilha, e ele já havia caído nela tantas vezes.

Um silêncio pesado pairou entre os dois homens, quebrado apenas pelo música alta. Jack olhou para suas mãos trêmulas, sentindo o peso da decisão que teria que tomar. Durval observava-o com um sorriso enigmático nos lábios, esperando a resposta. O futuro de Jack pendia na balança, e a escolha, tão difícil quanto libertadora, estava prestes a ser feita. Ele respirou fundo, tentando organizar seus pensamentos caóticos, e então, com a voz embargada, respondeu...

Jack respirou fundo, o ar frio enchendo seus pulmões. O peso da decisão era imenso, mas a esperança de um futuro melhor brilhava como uma faísca no fundo de sua alma. Ele não podia ignorar a oportunidade, mas também não podia se entregar cegamente.

— Eu aceito a sua proposta, Durval — disse Jack, sua voz firme, apesar do tremor em suas mãos. — Mas com algumas condições. Quero um prazo de um ano para pagar a dívida, e não 50%, mas 30% dos lucros. Além disso... preciso de ajuda.

Durval arqueou uma sobrancelha, surpreso com a ousadia de Jack. Ele esperava uma aceitação imediata, sem questionamentos. Mas Jack, apesar de sua fragilidade, demonstrava uma força de vontade inesperada.

— Ajuda? Você quer dizer com as drogas? — indagou Durval, um sorriso irônico nos lábios.

— Sim — respondeu Jack, sem hesitar. — Preciso de ajuda para me manter limpo durante esse ano. Se eu não conseguir, você pode ficar com tudo. É um risco para os dois, mas eu preciso dessa chance.

Durval pensou por um instante. Ele era um homem astuto, que sabia avaliar riscos e oportunidades. A proposta de Jack era arriscada, mas também poderia ser lucrativa. Ele faria de tudo para Jack não se manter limpo se falhasse... bem, Durval não perderia nada.

— Muito bem, Jack — disse Durval, finalmente. — Aceito suas condições. Mas não pense que isso será fácil. Teremos um acordo formal, com todas as cláusulas bem definidas. E se você falhar... você sabe as consequências.

Um aperto de mãos selou o acordo, um pacto entre dois homens com destinos interligados, um em busca de redenção, o outro em busca de lucro. O futuro de Jack ainda era incerto, mas agora, ele tinha uma chance, uma chance que ele lutaria com todas as suas forças para não desperdiçar.

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Do outro lado do salão, Lia observava a conversa entre seu pai e Durval com uma mistura de curiosidade e apreensão. A distância e o burburinho da festa dificultavam a leitura labial, frustrando suas tentativas. Seu estômago embrulhou quando viu Durval entregar uma maleta discreta, mas inconfundivelmente pesada, ao seu pai. O conteúdo, evidente em seus olhos experientes, a atingiu como um choque. Não era apenas dinheiro; era a confirmação silenciosa de uma traição, de uma decepção profunda que abalava os alicerces de sua confiança.

O mundo de Lia desabou. A elegância do salão, a música suave, o brilho das luzes – tudo se tornou um borrão sem sentido. Com passos hesitantes, quase sem sentir os pés no chão de mármore, ela se dirigiu ao camarim. Ali, entre os espelhos e as roupas de festa, a realidade a atingiu com toda a sua força bruta. Com mãos trêmulas, Lia reuniu suas coisas, arrumando-as com uma precisão mecânica, um ritual silencioso de fuga. Não havia espaço para lágrimas, para desespero, apenas para a necessidade urgente de escapar daquela atmosfera contaminada.

A casa, com sua familiaridade fria, não oferecia consolo. A decepção era um peso insuportável, uma âncora que a prendia ao fundo de um mar de amargura. Naquele momento, a única âncora de salvação foi a lembrança do porto seguro que representava sua prima Ana e a casa aconchegante da vizinha querida, Dona Maria. Lia pegou o celular, seus dedos tremendo enquanto andava com sua prima.

— Maria, preciso de você — sua voz saiu fraca, quase um sussurro.

— Está tudo bem? — perguntou Maria. A preocupação era visível em seu rosto quando viu as duas meninas paradas em sua porta, Lia pálida e retraída, e sua prima, com um olhar de compaixão.

Dona Maria, com seu abraço caloroso e seus olhos cheios de sabedoria, acolheu as duas. A casa, pequena e simples, emanava um calor humano que contrastava com a frieza do salão de festas. Enquanto Maria preparava um chá quente, Ana sentou-se ao lado de Lia, envolvendo-a em um abraço silencioso, um gesto que transmitia mais do que palavras poderiam expressar. Naquele momento, naquele refúgio inesperado, Lia encontrou um pouco de paz, um pouco de esperança em meio à tempestade.

A noite se estendeu, entre confidências sussurradas e o conforto reconfortante da presença amiga. Maria ouviu, sem julgamentos, a história da decepção, da traição que abalara o mundo de Lia.

— Não acredito que o Jack fez isso - indagou Maria, a voz carregada de decepção. A imagem do pai de Lia, envolvido em coisas ilícitas a preocupava. Mas Maria, com sua natureza otimista e incansável, buscava um raio de luz na escuridão. — Eu tenho uma novidade para te contar - disse ela, tentando um sorriso encorajador. — Meu chefe está precisando de uma babá para a filha dele, e eu te indiquei.

Lia, com os olhos ainda marejados de lágrimas, encarou Maria com uma mistura de esperança e descrença. A proposta parecia um presente caído do céu, uma tábua de salvação em meio à tempestade que abalara sua vida.

— Sério? Eu estou precisando muito de um emprego. Agora, com a dívida do meu pai... - Lia hesitou, a mentira pairando no ar. Não era exatamente uma mentira, mas uma omissão conveniente. A verdade era mais complexa, envolvendo não apenas a dívida, mas também a humilhação. — ...e não dou conta de trabalhar só na lanchonete", concluiu ela, a voz quase inaudível. "Quando posso começar?

Maria, percebendo a fragilidade de Lia, suavizou o tom.

— Ele irá te avaliar primeiro. É uma entrevista informal, para conhecer você e ver se vocês se dão bem. Então, não precisa se preocupar em cometer nenhum erro. Apenas seja você mesma, mostre seu carinho por crianças e sua responsabilidade. Você vai conseguir, Lia. Eu acredito em você.

O alívio que invadiu Lia foi imenso, uma onda de esperança que a fez sentir um pouco mais leve. A entrevista foi marcada para o dia seguinte. Lia preparou-se cuidadosamente. Revisou suas habilidades, praticou algumas perguntas e respostas, e, acima de tudo, tentou acalmar seu coração aflito. A necessidade de um emprego era premente, não apenas para pagar as dívidas do pai, mas também para reconstruir sua própria vida, para encontrar um novo rumo após a tempestade. A possibilidade de um novo começo, de um futuro mais promissor, a impulsionava. A entrevista seria o primeiro passo, mas o caminho ainda era longo e cheio de desafios. Mas, com a ajuda de Maria e o apoio deAna, Lia sentia que, dessa vez, estava mais preparada para enfrentá-los. Ela pagaria toda aquela dívida, e, com o tempo, ajudaria seu pai a se livrar das drogas. A imagem do futuro, ainda nebulosa, mas repleta de esperança, impulsionava seus passos. Lia tocou a campainha, um misto de ansiedade e determinação em seu coração. A campainha ecoou, curta e precisa, quebrando o silêncio da tarde. Um homem de aproximadamente trinta anos abriu a porta, seu olhar penetrante avaliando-a de cima a baixo. Não era o sorriso caloroso que ela esperava, mas uma expressão neutra, quase impenetrável.

— Então você é a famosa Lia? - ele disse, a voz grave e sem inflexões, mais uma constatação do que uma pergunta. Seus olhos, escuros e intensos, pareciam penetrar além da superfície, lendo seus pensamentos, suas inseguranças. Lia sentiu um arrepio percorrer sua espinha, Aquele homem seria o seu chefe?

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