A Delegada e o Mafioso
A Delegada e o Mafioso
Por: josy meire
Prólogo

— Vamos Alina, atira!

Minha mão tremia em volta do cabo da pistola 765 prateada, que fazia um contraste gritante com minhas unhas impecáveis e pintadas de vermelho. O homem estava ajoelhado em minha frente e ao invés de implorar para que eu não atirasse nele, parecia rir da minha cara de medo apontando a pistola para a cabeça dele.

Lucas estava logo atrás de mim e engatilhou a arma dele, falando de forma a me encorajar:

— Você vai atirar ou vai amarelar de novo, Alina!?

Eu nunca tinha atirado em ninguém antes e a voz da minha mãe choramingando quando eu decidi ser policial, estava mais do que nítida em minha cabeça:

— Minha filha, você vai se tornar uma assassina!

— Não, mãe! Eu vou caçar os assassinos, é diferente!

— Não é, não. Não se pode vencer o mal fazendo o mal.

— Eu vou fazer o bem para a população!

O bem seria livrar a sociedade daquele traste ajoelhado em minha frente. Sabia muito bem que se o levasse para a Delegacia, algum advogado de merda ia achar um jeito de devolvê-lo ás ruas e isso eu não podia deixar acontecer.

Lucas, meu parceiro de operação, e de foda, concordava comigo. Estávamos os dois ali com o mal em nossa frente e cabia a nós exterminá-lo, mas minha mão tremia tanto que pensei que a pistola fosse cair.

Lucas se aproximou de mim e falou com voz fria:

— Quer um bom motivo para matar esse verme? Eu te dou: ele estuprou uma menina de dez anos e assim que você levar ele para a Delegacia, sabe o que vai acontecer, não sabe?

O bandido deu uma risada irônica e não pareceu acreditar que eu fosse capaz de matá-lo.

— Qual foi, sua policial gostosa? Nunca atirou em ninguém, não é?

Lucas se aproximou dele e deu-lhe uma coronhada na cabeça, fazendo- o dobrar o corpo para a frente.

— Cala a boca, seu filho da puta! Se ela não te matar, eu vou te mostrar quem é gostosa aqui.

Ele endireitou o corpo e me olhou sem medo.

— Não se preocupe, eu gosto de garotas mais novinhas, você não faz meu tipo.

Aquilo fez meu sangue ferver e eu apontei a arma para a cabeça dele. Eu fiz um juramento que defenderia os fracos e oprimidos contra todo tipo de violência, mesmo que tivesse de agir com ela contra algumas pessoas.

— Se disser mais uma palavra, vou estourar seus miolos!

Lucas sabia quando eu estava falando sério e pelo tom da minha voz, ele entendeu que deveria recuar.

O bandido esticou os lábios num sorriso debochado:

— Não diga! Sabe mesmo apertar esse gatilho ou só sabe abrir as pernas para seu amigo ai?

A vida te leva para alguns caminhos que você não pode escolher. Já está escolhido para você. Só te resta correr e se esconder ou enfrentar aquilo que o destino coloca em sua frente. Eu nunca fui de me esconder de nada.

Engatilhei a arma mirando bem no meio da testa do verme que e encarava com olhos desafiadores.

— Vou abrir minhas pernas para ele com muito mais tesão hoje, pois estarei com sentimento do dever cumprido.

Minha voz era fria como aço. E descarreguei a minha pistola bem no meio da testa daquele traste nojento.

Ali meu destino estava traçado.

Sujei minhas mãos de sangue pela primeira vez, honrando meu juramento de proteger o bem contra o mal.

Lucas se aproximou de mim e me abraçou.

— Calma, é assim mesmo que você se sente quando faz essa merda pela primeira vez.

Estranhamente, eu não estava sentindo nada.

— Você sabe que hoje eu não vou conseguir dormir sozinha, não é?

— Sei. Tem Whisky na sua casa?

— Não.

— Então eu levo.

Meu estômago embrulhava e se eu não saísse dali logo, eu ia vomitar.

— O que vamos fazer com ele? -  perguntei nervosa.

Lucas olhou o corpo estirado no chão.

— Bom... você vai ter que me ajudar a colocá-lo no fundo da viatura.

— O que vamos dizer na Delegacia?

Ele arqueou uma sobrancelha:

— A verdade, não é Alina? O cara estava com uma arma apontada para minha cabeça. O que você faria como minha parceira? Só lhe restou atirar.

— Nossa alma está no inferno. Sabe disso, não é?

Ele guardou a arma na cintura e arregaçou as mangas, pronto para iniciar a tarefa:

— Bom, ainda tem o purgatório antes.

Respirei fundo e o encarei.

— Vamos terminar logo com isso.

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