— “Vai lavar as mãos, minha dançarina perigosa.” — falei, dando um beijo na testa dela.
— “Mas eu nem toquei em nada!” — ela retrucou.
— “Tocou no meu coração, e isso já é muito perigoso pra essa casa.”
Ela riu, saiu correndo pro lavabo, e eu fiquei olhando ela sumir no corredor com aquele jeito de quem ainda acha que o mundo é um lugar bom.
Levantei devagar. O corpo cansado, o peito mais ainda.
Fui até a cozinha.
E lá estava ela.
Jade.
De costas pra mim, o cabelo preso de qualquer jeito, camiseta larga, short justo e a bunda... bem, a bunda que a filha tinha acabado de elogiar como “melhor que qualquer princesa da Disney”.
Sorri. Sozinho. E pensei: como é que eu, com tudo que já fiz, ainda tenho isso?
Cheguei por trás devagar, mudo, observando a dança leve que ela fazia enquanto mexia a panela. Cada passo dela era ritmo. Cada gesto, coreografia. E não era só no corpo, não. Era no jeito de existir. A mulher dançava até parada.
Estiquei a mão e pá! dei um tapa na bunda dela. Cheio. Son