— Pensei em irmos à cidade, passar na livraria — falou Matthew casualmente. — Você está sem livros novos, podemos procurar um sobre jardinagem.
Julia permaneceu de olhos fechados; a voz de Matthew lhe causava nojo. Vivendo uma situação delicada e complicada, ela temia por sua vida o tempo todo. Mais ainda, temia pela vida de sua filha e de seu marido. No entanto, precisava manter um sorriso no rosto e parecer doce.
— Pode ser — respondeu brevemente.
— Então se arrume.
Julia ouviu a porta bater e só então abriu os olhos.
“Seja uma boa esposa, Julia” — pensou, como se fosse um lembrete.
No carro, Matthew conversava e sorria. Acariciava o rosto dela e alisava suas pernas. Julia se esforçava ao máximo para ser simpática, escondendo o desgosto profundo. O choro permanecia entalado em sua garganta.
“Agora não é hora” — pensou, tentando se controlar.
Estacionaram o carro em frente a uma livraria pequena. A fachada era de tijolos velhos, com porta e janelas pintadas de vermelho, e jarros de p