Julia respirava fundo em frente à porta do escritório, que estava fechada, como se estivesse tomando coragem para entrar e encarar seu marido.
Ela não queria lidar com Otto, mas era necessário. Não podia mais continuar com tantas perguntas sem respostas. Não podia mais viver à sombra do que lhe contavam sobre a própria vida. Não podia continuar sendo figurante da sua própria história.
Bateu na porta e a abriu devagar. Os olhos, inicialmente fixos no chão, subiram aos poucos até encontrar o olhar profundo de Otto.
Um sorriso se abriu no rosto pálido dele. Ainda de pé na porta, ela o observou por um momento, como se ainda reunisse forças. Por dentro, a ansiedade e o medo cresciam.
— Posso entrar? — perguntou em voz baixa.
— Claro. — Otto marcou a página do livro que estava lendo, se inclinou para frente e a olhou fixamente.
Ela entrou e se sentou, sentindo o peso do silêncio entre eles.
— Você sabe que não estamos bem, e não sei como vamos ficar daqui em diante. Para ser sincera, estou