Lorenzo Velardi
O céu sobre Boston ainda carregava as últimas sombras do amanhecer quando estacionei meu carro na vaga privativa da Holding Vellardi & Renzi. Eram 07:42 da manhã. Um horário incomum até para mim, mas o sangue fervendo nas veias, o gosto amargo da raiva, a inquietação por dentro… havia me expulsado da cama.
Vereda.
Maldita seja.
Sempre foi atrevida, sempre andou no limite entre a amizade e algo mais. Mas o que ela fez hoje pela manhã, passar dos limites com Isabella, foi baixo até para os padrões dela. E eu… eu ainda podia sentir o gosto da fúria na garganta, o nó preso no estômago desde o momento em que vi Isabella cabisbaixa, os olhos marejados, depois de ouvir aquelas palavras venenosas.
Saí do carro com os ombros duros, os passos pesados. Vestia um terno cinza escuro, risca de giz, com o colarinho ainda desabotoado e a gravata solta como se já estivesse cansado do dia antes mesmo dele começar. O cabelo ainda úmido do banho matinal estava penteado às pressas, mas nad