A manhã começou nublada. O céu de tons acinzentados parecia espelhar o coração inquieto de Isabella. Ela se levantou mais cedo do que o habitual, ainda com o peito apertado e os olhos marcados pela noite mal dormida. A ausência de Lorenzo na mansão criava um silêncio diferente – um tipo de vazio que não era físico, mas emocional.
Ele estava na Rússia. Partiu na tarde anterior, sem despedidas. Isabella fingiu que não sentiu. Fingiu que não ficou com o coração acelerado cada vez que ouvia passos no corredor esperando, inutilmente, que fossem os dele. Fingiu que não olhou pela janela na hora que o carro partiu. Fingiu… mas não esqueceu.
Estava na cozinha com Marta, ajudando com o café da manhã de Aurora, quando o celular vibrou sobre o balcão.
Era um número conhecido.
— Dona Marlene? — atendeu, surpresa.
A voz da vizinha idosa da avó soou trêmula do outro lado da linha.
— Isabella… querida, desculpe incomodar tão cedo, mas… eu não sabia pra quem mais ligar. É sobre sua avó.
O coração del