Moscou, Rússia, 23h47
A cidade parecia um organismo vivo sob o frio da noite. Moscou respirava através das luzes dos postes refletindo na neve recém-caída, do vapor que escapava dos bueiros e da pressa das pessoas que atravessavam as ruas geladas. O inverno russo tinha um jeito peculiar de lembrar que você estava sozinho. Lorenzo Vellardi sentia isso na pele.
Com o sobretudo escuro abotoado até o pescoço e as luvas pretas que escondiam as mãos tensas, ele caminhava sozinho pela calçada úmida. Ele já havia enfrentado reuniões, traduções simultâneas, brindes e sorrisos ensaiados desde que chegou a Moscou naquela manhã. Mas nada… absolutamente nada conseguia afastar da sua mente o sabor da noite em que teve Isabella em seus braços.
O nome dela era uma lâmina que cortava fundo. A lembrança da noite anterior ainda pulsava nele como uma febre. Ele se lembrava do calor da pele dela contra a sua, do sabor salgado do suor misturado ao beijo, do som dos gemidos dela sufocados contra o seu ombro