A mansão respirava em silêncio.
Do lado de fora, a chuva batia ritmada contra os vitrais altos, escorrendo em veios tortos como lágrimas contidas. Do lado de dentro, apenas o arrastar de malas e o som macio das botas de Aurora correndo pelo mármore quebravam a quietude.
Isabella conferia pela terceira vez o zíper da última mala. Dobrou o cachecol da menina, ajeitou o capuz do casaco felpudo e checou, com a calma treinada de quem esconde tempestades, se o remédio para a madrugada de Aurora estava no bolso interno da mochila.
A menina corria de um lado para o outro, animada com a viagem para a casa da avó, o que fazia o coração de Isabella se aquecer, apesar da dor que ainda pulsava ali.
A menina assentiu, satisfeita, mas logo franziu o cenho.
— A sua vovó mora numa fazenda?
— Sim.
— E TEM CAVALO LÁ?!
— Tem. Cavalos, bois e muitas galinhas.
— TIA ISA, VAI SER DEMAIS!
O riso de Aurora voou pelo saguão, iluminando o ar pesado como um raio de sol teimoso — e foi aí que uma voz, com