O carro preto deslizou silenciosamente pelo caminho de paralelepípedos até a entrada da mansão Vellardi. O céu ainda guardava o resquício avermelhado do pôr do sol e a brisa fresca da primavera carregava o aroma adocicado das flores que rodeavam o jardim.
Lorenzo saiu do carro com o paletó jogado no ombro e o olhar cansado. A viagem de Moscou havia sido longa, o jet lag o corroía por dentro, mas nada o incomodava mais do que o silêncio desconcertante que reinava naquela casa.
Ele subiu os degraus da entrada com passos firmes, abriu a porta com a chave de sempre, e a ausência o atingiu como um soco. Não era o silêncio comum das noites, era um silêncio diferente, sem risadas, sem passos miúdos, sem a voz infantil de Aurora correndo pela casa ou o cheiro suave do perfume de Isabella preenchendo o ar.
Deixou a mala no hall e andou até a sala, os olhos varrendo cada canto.
— Aurora? — chamou, com a voz mais baixa do que pretendia.
Nada.
Ouviu passos leves vindo da cozinha, e quando se viro