Raia não podia mais ficar parada.
Três dias desde a carta. Três dias em que não conseguia tirar aquelas palavras da cabeça.
"Se pudesse voltar... eu escolheria você. Sempre você. Mas te daria escolha também."
Mentira. Tinha que ser mentira.
Se realmente se importasse, a deixaria ir agora. Não precisava voltar no tempo para fazer a escolha certa.
Mas as palavras persistiam, ecoando em sua mente como fantasmas.
E o pior a parte que mais a irritava era que acreditava nele.
Acreditava que ele realmente sofria. Que se arrependia.
Que estava tão preso quanto ela, apenas em gaiola diferente.
Não. Ela não podia pensar assim.
Não podia começar a sentir pena dele.
Isso era o que ele queria. Abrandar suas defesas. Fazer ela esquecer que era prisioneira.
Raia precisava de distração. Algo qualquer coisa para ocupar sua mente além do ciclo infinito de raiva, medo e, pior, aquela compaixão indesejada crescendo em seu peito.
Olhou ao redor do quarto. O mesmo quarto há semanas. As mesmas paredes. O