Capítulo 2
Eu tinha acabado de me deitar quando recebi uma mensagem de Ryan pelo celular:

— Leve Clare até o clube Dente de Prata.

Eu franzi levemente a testa e respondi com um tom que não escondia minha insatisfação:

— Ela não pode pegar um carro sozinha?

Era a segunda vez que eu recusava fazer algo que ele pedia. Ryan, claramente irritado, respondeu com a voz carregada de impaciência:

— Toda vez que te peço algo, você arranja desculpas?

Para evitar que ele continuasse, eu acabei cedendo e disse que faria. Só então ele pareceu satisfeito:

— Da próxima vez, diga sim de uma vez, não é tão difícil.

Eu troquei de roupa e desci as escadas. Ryan estava no jardim, parado ao lado daquela pequena Ômega, que usava um vestido decotado e justo.

— Anda logo, Clare tem algo importante para fazer. Não atrase ela. — Ryan ordenou, sem sequer olhar para mim.

Clare, com um sorriso cheio de doçura falsa, disse:

— Daisy, obrigada, viu?

Depois de falar, ela se virou e abraçou Ryan, ficando pendurada no pescoço dele por um bom tempo. Eles trocaram carícias diante de mim como se eu não estivesse ali. Só depois disso ela foi para o carro, caminhando devagar, como quem quer exibir sua superioridade.

Clare entrou no banco da carona e, virando-se para mim, começou a falar em um tom que transbordava sarcasmo:

— Desculpa mesmo, viu? É que o Alfa quer tanto ficar comigo o tempo todo que eu já estou ficando exausta.

Eu permaneci em silêncio, mas isso pareceu animá-la ainda mais:

— Você realmente não entende o que um Alfa gosta, não é? Com essa sua cara envelhecida, sem peito, sem bunda... Não é à toa que ele nunca quis fazer amor... bem, você sabe o quê.

Eu continuei calada, e ela finalmente se cansou de falar.

Quando estávamos chegando perto do clube, um lobo marginal, segurando uma faca de prata na mão esquerda, surgiu de repente. Ele dirigia um carro de forma descuidada e veio direto na nossa direção. Eu tentei desviar, mas não consegui evitar a colisão.

O impacto foi tão forte que meu corpo foi arremessado contra a janela. Uma dor aguda e insuportável explodiu na minha perna.

Clare começou a gritar desesperada. Quando olhei para ela, vi que tinha apenas um ferimento superficial na mão, mas sua expressão era de alguém que estava à beira da morte. Por um momento, achei que ela realmente estivesse gravemente ferida.

Os curandeiros da alcateia chegaram rápido e tiraram a gente do carro. Foi só então que eu percebi que um pedaço da faca de prata tinha cortado minha panturrilha. Clare, por outro lado, já estava praticamente curada, com apenas um pequeno arranhão que mal havia deixado uma marca.

Enquanto os curandeiros ainda guardavam os materiais, Ryan apareceu. Ele veio correndo, direto para Clare, e a segurou com cuidado, perguntando com urgência:

— Você está bem? Está doendo?

Clare, como sempre, fez uma expressão de dor exagerada e respondeu com a voz manhosa:

— Meu braço está doendo.

Ryan imediatamente ordenou que os lobos guardas da alcateia a levassem para a sala de emergência. Ele ainda pediu que o principal curandeiro fosse chamado para cuidar dela. Durante todo o tempo, ele passou por mim duas vezes e sequer olhou na minha direção.

Eu baixei a cabeça e sorri de leve.

A dor na minha perna não era nada comparada ao vazio e ao frio que eu sentia no meu coração.

Fui levada para a sala de tratamento comum, onde havia uma longa fila de espera. Enquanto isso, ouvi alguns dos curandeiros aprendizes conversando entre si:

— Você viu como o Alfa Ryan é atencioso com Clare? Só um arranhão e ele já mandou chamar o principal curandeiro.

— Um Alfa assim é raro de encontrar. Ele é gentil e poderoso. Casar com ele deve ser um sonho.

Fechei os olhos e, em silêncio, respondi para mim mesma:

— Casar com Ryan não é nada feliz.

Os curandeiros finalmente me chamaram. Enquanto eu era levada para o tratamento, vi Ryan vindo pelo corredor com Clare nos braços. Ele finalmente olhou para mim, mas com um olhar severo e irritado:

— Você não olha para onde está dirigindo? Se Clare não tivesse tanta sorte, poderia não ter saído viva.

Clare, com a voz doce e cheia de culpa falsa, disse:

— Foi minha culpa, Ryan. Eu pedi para a Daisy me levar até o clube.

Ryan imediatamente a segurou mais firme e a consolou:

— Não diga isso. Não foi culpa sua. Você também se machucou. Vou te levar para comer algo, assim você se acalma.

Um dos curandeiros se aproximou e disse que eu já podia ser levada para dentro da sala de tratamento.

Ryan pareceu lembrar, por um breve momento, que eu também estava no carro acidentado. Ele virou a cabeça e me olhou mais uma vez, mas logo voltou sua atenção para Clare, que estava reclamando baixinho sobre a dor no braço.

O tratamento foi relativamente rápido.

No final, uma das curandeiras estagiárias perguntou se havia algum parente que eu gostaria de chamar. Fiquei alguns segundos em silêncio antes de responder com um tom baixo:

— Não precisa. Eu não tenho parentes.
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