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Troquei Meu Coração por Mentiras

Troquei Meu Coração por MentirasPT

Cuento corto · Cuentos Cortos
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Resumen
Índice

Depois de dez anos juntos, meu namorado se casou às pressas com a minha irmã. Dias depois, Jack Ferraz — o professor mais jovem da Universidade Boreal — publicou no site da academia um comunicado oficial, anunciando nosso noivado com grande alarde. Durante sete anos de convivência, Jack foi sempre gentil, dedicado, quase devoto. Como se eu fosse o centro da vida dele. Até o dia em que, por acaso, ouvi sua conversa com um colega: — A Rosa já é a terapeuta mais promissora da Boreal. Vai continuar fingindo com aquela mulher? — Pela tranquilidade da Rosa, estou disposto a manter essa relação com a Lúcia. Assim ela não ameaça mais a família dela. Fiquei imóvel diante da porta, ouvindo ele resumir sete anos de sentimentos a uma encenação conveniente. No caderno de anotações dele, em cada página, estava o nome de Rosa: “Que a pesquisa da Rosa seja um sucesso.” “Que minha Rosa seja a mulher mais feliz do mundo.” ... “Rosa, estou disposto a viver com alguém que não amo, só pra ver você sorrindo todos os dias.” Sete anos de vida juntos, e eu não passava de uma atriz num roteiro que ele escreveu por outra. No dia do nosso sétimo “aniversário”, subi sozinha no teleférico que havia reservado semanas antes. Quando os primeiros raios do sol tocaram o céu, abri a porta da cabine. Desativei a ligação mental. Engoli o elixir de dissolução. E saltei. Ao saber da notícia, Jack mobilizou a melhor equipe de resgate da Boreal. Liderou ele mesmo a busca, vasculhando cada canto, como se pudesse recuperar com desespero o que deixou morrer em silêncio. Nos vales, chamou meu nome sem parar, tentando, em vão, trocar arrependimento por redenção.

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Capítulo 1

Capítulo 1

Depois de agendar o jantar panorâmico, desliguei o celular.

Logo, eu desapareceria da vida deles — para sempre.

— Com quem você estava falando? — Jack perguntou, abraçando minha cintura por trás.

— Estava marcando o horário do nosso jantar de comemoração. — Respondi.

— Você é mesmo incrível. Ter me casado com você foi a melhor sorte da minha vida. Que tal uma torta de cereja hoje à noite? Aquela que você adora. — Jack beijou meu rosto com carinho.

Estávamos casados havia sete anos. Jack sempre foi atencioso, gentil, educado, como um cavalheiro erudito, impecável nas regras que seguia.

Antes disso, toda a Universidade Boreal sabia: ele era famoso por seu autocontrole. Um professor exemplar, reservado, sem qualquer escândalo ligado ao nome.

— Lúcia, você é uma sortuda. O professor Jack é tão disciplinado que já disse que, se um dia se casasse, seria só com a mulher da vida dele. O mais jovem professor vitalício da universidade, e ainda especialista em fitoterapia. Aposto que você deve ter feito alguma poção pra fisgar ele. — Dizia minha amiga, meio em brincadeira.

Por muito tempo, eu também acreditei que aquele lado doce e fora do mundo acadêmico fosse uma exceção, reservada só pra mim.

Até o dia em que encontrei o diário que Jack escondia com tanto zelo e entendi que tudo aquilo era o preço que ele pagava pra proteger a felicidade de Rosa.

— Ah, amanhã a família vai dar uma festa pra comemorar a gravidez da Rosa. Vou passar lá, entregar um presente e parabenizar pela participação dela no Congresso Internacional de Terapias. Você não precisa se preocupar, eu volto rapidinho pra ficar com você.

— E o congresso...? — Hesitei.

— Você não precisa ir ao congresso. — Ele insistiu. — Vamos viajar, tentar engravidar. Você precisa relaxar, não pode se estressar agora.

Durante todos esses anos, Jack nunca quis ter filhos. Dizia que uma criança roubaria o amor que ele sentia por mim, que queria me mimar e amar só a mim.

Agora, do nada, esse discurso de gravidez... Era só medo de eu acabar ofuscando Rosa.

— O que é isso?

— Uma surpresa de aniversário, claro! Preparei especialmente pra minha querida. — Jack respondeu com aquele olhar cheio de afeto.

Ao abrir a porta do consultório, vi que ele havia espalhado rosas vermelhas por todos os cantos. Jack sempre me dava rosas nas datas comemorativas. Mas, na verdade, eu nunca gostei de rosas. Muito menos da cor vermelha.

Ele dizia que as rosas simbolizavam o amor ardente que sentia por mim. Só que, ali, naquele instante, eu entendi. A “rosa” que ele amava era Rosa. A rosa vermelha não era uma metáfora pra mim, mas pra ela.

— Ainda faltam dois dias pro nosso aniversário. Já preparando surpresa tão cedo? Depois de amanhã marquei o jantar panorâmico. Você tem que ir, hein. — Falei, com um sorriso forçado.

— Claro. Vou organizar tudo antes pra não faltar. Quero muito jantar com a minha Lúcia. — Ele sorriu.

Jack sempre foi tão sério com todo mundo. E mesmo assim, dedicava tempo e esforço a uma mulher que nem amava. Deve ter sido exaustivo pra ele.

Naquela noite, o sono não vinha. Deitada no braço de Jack, fiquei olhando seu rosto de perfil, recortado e firme.

Seu peito subia e descia num ritmo calmo. Brinquei com o pingente do colar que ele usava todos os dias. Nunca trocava o modelo.

Sem querer, virei o pingente e vi, gravada no verso, a imagem de uma rosa. E logo ao lado, quase ilegível, uma frase em letras minúsculas: “Para minha amada Rosa.”

Naquele momento, tudo em mim se desfez.
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