POV Dante

O silêncio do quarto era quase um alívio depois do jantar.

Mas era um silêncio denso, o tipo que gruda na pele e te faz sentir o peso de tudo o que não foi dito.

Isa estava deitada, os cabelos espalhados no travesseiro, mas eu sabia que ela não dormia. O corpo imóvel, o olhar fixo no teto, ela fazia isso quando queria parecer tranquila, mas a mente dela fervia por dentro.

E eu não a culpava. Aquele jantar teria deixado qualquer um desconfortável.

Minha mãe e meu pai sempre tiveram o talento de transformar até uma refeição em uma arena.

E meu irmão... bem, ele nunca perdeu a oportunidade de cutucar, principalmente quando sabia que eu não podia revidar na frente deles.

Deitei ao lado dela, sentindo o colchão afundar sob o meu peso.

— Isa... — chamei, baixo.

Ela virou o rosto, os olhos marejados, mas ainda tentando sorrir.

— Eu estou bem, Dante.

Mentira.

Mas aprendi a não forçar quando ela dizia isso. Isa tinha um tipo de orgulho calado, aquele que sangra, mas não deixa ninguém