POV Isadora
O relógio marcava sete e meia da noite quando terminei de ajeitar o vestido. Azul-escuro, discreto, mas elegante. Um presente de Dante, dos tempos em que ainda vivíamos em nossa casa, longe de todo o peso do sobrenome Harrison.
Agora, o mesmo vestido parecia deslocado, como se tivesse sido feito para outra mulher, uma que não precisava medir cada palavra e cada gesto.
O espelho refletia uma versão minha que tentava parecer calma, mas que por dentro ainda tremia.
Desde que nos mudamos, o clima na mansão parecia um campo minado: cada corredor tinha olhos, cada empregado observava, cada porta fechada guardava um segredo.
Sofia dormia no berço ao lado, respirando tranquila. Passei a mão em seu rostinho e murmurei:
— Você é a única razão para eu não enlouquecer aqui, sabia?
Um som de motor lá fora me fez endireitar a postura. Dante.
Ouvi a porta da frente se abrir, os passos dele ecoando pelo corredor de mármore. A voz da governanta o recebeu com formalidade, seguida por aquele