Capítulo 128 — Eu estava de volta por Isadora.
POV Heitor Montenegro
Havia algo quase doentio no prazer de imaginar a expressão de Isadora quando abrisse a caixa.
Eu a via em minha mente com a nitidez de quem ainda a observava todos os dias: as mãos delicadas tremendo, os olhos marejados ao reconhecer a caligrafia, a respiração presa diante de uma lembrança que jamais conseguiu apagar.
O Morro dos Ventos Uivantes. Nosso livro. Nosso pacto de paixão e tragédia. Eu sabia que ela se lembraria da dedicatória, da noite em que a escrevi sob a luz fraca do abajur, com a certeza arrogante de que nada nos separaria.
Era cruel, eu admitia. Mas Isadora sempre foi feita de memória e emoção. E eu precisava reacender isso. Precisava que ela sentisse, medo, raiva, nostalgia, pouco importava. Desde que me sentisse.
Fechei os olhos, recostando-me na poltrona do escritório. O silêncio da casa me era familiar demais. Mas agora não era meu refúgio de exílio, não mais. Eu tinha voltado. Cabelos aparados, barba feita, terno alinhado. O filho pródigo re