Capítulo 102 — Seria apenas Heitor. Um homem livre.
POV Heitor
O quarto de hotel era simples, longe do luxo da mansão Montenegro. Lençóis limpos, móveis neutros, nenhuma marca de opulência. Exatamente o que eu precisava: anonimato.
Naquele lugar, eu não era o herdeiro, não era o noivo traído, não era o filho obediente. Era apenas um homem que tentava apagar o rastro da própria existência.
O abajur ao lado da cama lançava uma luz amarelada, revelando as olheiras profundas sob meus olhos. Eu não havia dormido. A noite inteira, imagens se repetiam como um filme sem fim: Elena vestida de noiva, as fotos projetadas no telão, Benjamin tocando-a com intimidade, o olhar de desdém da minha mãe. Traição sobre traição, até meu corpo doía.
Por um tempo, gritei, quebrei, arranquei as lembranças da mente como se pudesse. Mas agora, no silêncio impessoal do hotel, restava apenas a decisão.
Sumir.
Não dar a ninguém o gosto de me ver arruinado. Não permitir que me tratassem como peça descartável. Se eu me tornasse um fantasma, livre de todos, talvez ai