POV Isadora Ferraz
O grito ficou preso na garganta, mas eu o senti cortando tudo por dentro. O impacto foi um soco seco na realidade. O carro girou como um brinquedo desgovernado. O mundo virou borrão... luzes, metal, dor. Depois… silêncio.
Silêncio demais.
Minha cabeça latejava. O ar parecia preso, denso. Um gosto de sangue na boca. Os vidros estilhaçados brilhavam no meu colo como cristais assassinos. E então...
— Dante! — gritei, com toda a força que consegui. — DANTE?!
O banco ao lado estava vazio. A porta dele havia se aberto no impacto. Eu não o via. O pânico subiu como uma maré venenosa. Tentei soltar o cinto, mas minha mão tremia. A trava parecia soldada. O som do motor morrendo, o cheiro de fumaça. E o medo. O medo sufocava.
— Dante, por favor, responde! — minha voz rachava entre soluços.
Consegui me soltar. As pernas fraquejaram quando empurrei a porta. Me arrastei para fora, tropeçando no asfalto rachado. O lado direito do carro estava destruído. O poste inclinado, um arran