Capítulo 61 — Ela era minha. Ela é minha.

POV Isadora Ferraz

As luzes da cidade dançavam no vidro da janela enquanto o carro deslizava pela avenida. Era estranho… depois de tudo, ainda existia beleza nas coisas. O reflexo de neon no asfalto molhado. O som abafado de música vindo de algum bar ao longe. A calma antes da próxima tempestade.

Dante dirigia em silêncio, uma das mãos firme no volante, a outra apoiada de leve na marcha. O rádio tocava baixo, uma música instrumental qualquer, só o suficiente pra não deixar o silêncio parecer pesado.

Eu mantinha o olhar na paisagem, mas sentia o olhar dele me buscando de tempos em tempos. Como se quisesse checar se eu ainda estava ali. Inteira.

— Você está bem? — ele perguntou, a voz baixa.

Assenti. Depois, neguei. Depois... respirei.

— Eu estou cansada. Mas… aliviada.

— Você foi incrível. — ele disse sem hesitar.

Virei o rosto pra ele. Os olhos escuros, atentos, iluminados pela cidade.

— Eu tinha medo de mostrar tudo aquilo.

— E mesmo com medo… você mostrou. Isso diz mais sobre você
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