Capítulo 59 — Ela era poesia. Eu, o leitor faminto.
POV Dante Harrison
O apartamento estava em silêncio. Só o som dos nossos passos, da respiração contida, das intenções escondidas debaixo da pele. Isadora entrou devagar, os olhos vasculhando tudo, como se procurasse por armadilhas ou por uma saída.
Mas não havia mais saídas. Nem para ela. Nem para mim. Fechei a porta atrás dela, sem pressa. Sem violência. Só... certeza. Ela parou no centro da sala, os braços cruzados, e aquele vestido verde se moldando ao corpo como se tivesse sido desenhado por um escultor apaixonado. Ombros à mostra. A curva da coluna. A tensão contida nos olhos.
Fiquei ali, observando. Lendo o corpo dela como se fosse um livro sagrado. Eu sabia onde estavam as vírgulas, aquelas pausas feitas de dor e os pontos finais que ela fingia que nunca escreveu.
Dei dois passos. Depois mais um. Fiquei atrás dela, perto o suficiente pra sentir o calor que o perfume não escondia. Camomila. E algo mais... novo. Um cheiro que eu ainda não sabia nomear.
— Se você quiser parar… ago