(PONTO DE VISTA DE ARIELLE)
O salão permaneceu em silêncio sepulcral, e cada olhar se fixava no casal cuja expressão irradiava gratidão solene. Senti-me tomada por um silêncio que me impedia de articular palavras, e as lágrimas escorriam quentes pelas minhas bochechas, carregadas de emoção e da esperança de que aquele procedimento deles me garantisse a cura que tanto ansiava.
Talvez por ter concebido salvar o garoto apenas como um pensamento intrusivo, um gesto que pratiquei sem refletir profundamente ou cogitar qualquer benefício pessoal, tudo o que se apresentava diante de mim me envolvia numa sensação de profunda humildade.
— Eu… não sei o que dizer. — Finalmente encontrei coragens para falar.
Ellen sorriu com a expressão de quem conhecia a angústia de quase perder um filho.
— Você não precisa dizer nada, Arielle. Só precisamos, é claro, do seu consentimento. Basta pronunciar as palavras. — A voz dela encerrou-se num sussurro de incerteza, como se ponderasse a hipótese de eu recusa