— Ser dona de um negócio dá mesmo mais trabalho e preocupações. — Lívia comentou com um sorriso. Como Davi ainda não havia voltado, Sophia decidiu ligar a televisão, conectar na internet e assistir a uma série junto com Lívia enquanto comiam algumas frutas, esperando ele chegar. E assim o tempo foi passando. Das sete da noite, foi para oito horas, depois oito e meia... Quando o relógio já marcava quase nove horas, Davi ainda não tinha aparecido. Lívia, bocejando sem parar, se levantou do sofá para esticar as pernas, que já estavam ficando dormentes: — Será que o Sr. Davi teve outra reunião de última hora e não conseguiu voltar a tempo? Davi, em outras ocasiões, já havia tido reuniões inesperadas e acabava não voltando para o jantar. Mas geralmente ele pedia para o assistente ligar e avisar com antecedência, para que ninguém ficasse esperando de estômago vazio. Sophia pegou o celular: — Vou ligar para ele e perguntar. O toque do telefone soou por bastante tempo, mas ni
Enquanto falava, suas mãos não paravam, e ela continuava a levar os pratos para a mesa de jantar. O salário era bom, e seu único trabalho era cuidar apenas de Valentina. Ela era fácil de lidar, e o serviço era leve. Isso tornava as conversas diárias mais frequentes. Valentina calçou os chinelos, lavou as mãos e se sentou no lugar principal da mesa para começar a comer. Seu rosto exibia um sorriso com um toque de satisfação: — É claro que aconteceu algo bom, algo que pode mudar o rumo da minha vida! Naquela época, Davi ainda não tinha assumido completamente o controle do Grupo Vitalidade. Ele era jovem e impulsivo. Ouviu dizer que o pai dele tinha morrido em um acidente de carro e, segundo rumores, o Guilherme iria herdar o Grupo Vitalidade e se tornar o novo presidente da empresa. Davi seria afastado e expulso da família Santos. Se ela tivesse mantido a calma, não acreditado nos boatos e voltado ao país para confirmar a verdade, hoje já seria a esposa glamorosa e poderosa d
Era tarde da noite. Bryan já havia encerrado o expediente, e Davi, sem pedir que Gabriel o acompanhasse, pegou as chaves do carro e saiu dirigindo pelas ruas da cidade sem rumo definido. As ruas de Cidade A estavam silenciosas naquela madrugada. Quase não havia veículos, e o Maybach preto cortava rapidamente a noite chuvosa. Uma fina garoa começou a cair. Por mais que Davi quisesse evitar encontrar Sophia, de alguma forma inexplicável, ele acabou dirigindo até o hospital. A chuva logo cessou, deixando o ar fresco e úmido. Davi abaixou o vidro do carro, segurando um cigarro entre os dedos, mas sem acendê-lo. Ele girava o cigarro entre os dedos enquanto olhava para cima. Apenas algumas janelas da ala de internação estavam iluminadas, mas a janela do quarto de Sophia já estava apagada. Ele ficou sentado no carro por um bom tempo. O vento frio da madrugada começou a soprar, e a temperatura caiu, provocando um leve desconforto. Davi pensou em acender o cigarro, mas lembrou que Soph
Sophia ia se deitar novamente para continuar dormindo, mas de repente se lembrou do aviso de Lívia. Com os olhos ainda fechados, murmurou: — Lívia deixou comida pra você no balcão. Se estiver com fome, esquente e coma. Quando Davi entrou pela porta, viu a marmita térmica. Ele não esperava que Sophia tivesse se lembrado dele e deixado comida para ele. Se sentiu comovido, o coração preenchido por uma onda de calor. — Sophia, eu não esperava que você fosse deixar comida pra mim. Estou tão emocionado. Davi levantou o cobertor e voltou a se deitar ao lado dela, abraçando ela pelas costas. Sophia franziu a testa e se afastou um pouco. "Comovido com o quê? Foi a Lívia quem deixou, não eu. Mas estava com tanto sono que não quis falar nada." Isso fez com que, a cada movimento dela para se afastar, Davi a seguisse no instante seguinte. — Davi! Num calor desses, você não acha que está me incomodando? Estou com calor! Será que dá pra não encostar em mim? — Se está com calor, eu li
Às oito e meia, Lívia chegou pontualmente com o café da manhã. Era tudo o que ela gostava de comer. Enquanto Davi tomava o café, sua expressão estava séria. Lívia começou a pensar se a comida não era do agrado dele, mas, como no hospital não havia como preparar algo novo, apenas pediu que ele se ajustasse e comesse assim mesmo, se mantendo em silêncio. Depois do café, o médico veio fazer uma checagem. Tudo estava indo muito bem, e Davi finalmente concordou em deixá-la receber alta. Ele não estava preocupado com os ferimentos superficiais, mas sim com o estado psicológico dela. Isso porque, na primeira vez em que a resgatou na praia, depois que ela voltou para casa, seu estado emocional estava longe de ser bom. Ela se assustava com facilidade, acordava sobressaltada no meio da noite, e foi por isso que ele insistiu para que ela ficasse alguns dias a mais no hospital, sob observação. Na noite passada, ele havia chegado tarde, mas ela conseguiu dormir tranquila. Pelo visto, não h
Aeroporto. Selma segurou as mãos de Sophia e Letícia, colocando elas juntas e sobrepostas. Com um tom solene, disse: — Letícia, cuide bem da Sophia para mim. Letícia assentiu com firmeza. — Não se preocupe, mamãe. Eu cuidarei. Sophia ficou surpresa e confusa. Só quando Selma e Frâncio embarcaram no avião é que ela teve a oportunidade de perguntar a Letícia. Letícia apenas balançou o dedo e respondeu: — Nem pergunte. Se perguntar, a resposta é destino. Minha mãe acha que você tem algo em comum com a gente. No horário do almoço, elas foram juntas a um restaurante de peixe grelhado próximo à universidade. À tarde, passearam pelo shopping e compraram algumas coisas de que gostaram. Letícia ficou muito animada e acabou comprando bastante, já que a mãe, antes de partir, havia lhe dado uma boa quantia de dinheiro. O passeio foi muito divertido, mas havia um único incômodo: dois seguranças as seguiam de perto. No entanto, Letícia resolveu tirar proveito da situação e fez co
Valentina já tinha um corpo debilitado, sofrendo de desnutrição. Agora, ao desmaiar, Davi temia que algo mais sério pudesse estar acontecendo com ela. Ele sentia preocupação, gratidão e culpa, mas não mais aquele encanto inicial que sentiu anos atrás, quando ela o salvou. Apesar de saber que não podia se casar com ela, também não queria que algo ruim acontecesse com Valentina.Às vezes, ele se perguntava: se, na época da faculdade, ele não tivesse reconhecido Valentina e, em vez disso, tivesse encontrado Sophia diretamente na praia, será que teria confundido Sophia com a pessoa que o salvou em País M? Afinal, as duas eram tão parecidas.Davi balançou a cabeça, afastando esses pensamentos. Valentina foi quem o salvou em um momento de perigo; ele não podia confundir essa gratidão, transferindo ela para outra pessoa. Valentina já havia sofrido tanto na vida, e Davi sentia que lhe devia muito.Depois de levar Valentina para fora da sala de reuniões, ficou impossível continuar o encontro
Naquele momento, um paciente passou pelo corredor onde eles estavam. Davi abaixou o tom de voz e questionou: — Você não já tinha decidido se separar da Valentina e ficar com a Sophia? — Eu vou resolver isso. Não vou deixar que a Sophia saiba. — A voz de Davi soava fria. O jantar já estava pronto, e a essa hora Davi deveria estar em casa. Mas ele ainda não havia chegado. Com a experiência da última vez, Sophia não ficou esperando à toa. Imediatamente ligou para Davi e Bryan, mas os dois celulares estavam fora de alcance. "Será que aconteceu alguma coisa?" pensou ela. Deslizou o dedo pela tela e ligou para Gabriel, mas também não teve resposta. Guardando o celular, ela baixou o olhar, pensativa. Se Davi realmente tivesse sofrido algum acidente, ela não teria meios de mobilizar ajuda. Seria melhor comer o jantar primeiro. Depois de passar a tarde com Letícia, seu estômago já estava roncando de fome. Talvez fosse melhor sair para jantar com Letícia. Acabou de enviar uma me