No hospital, no quarto de internação, o cheiro forte de desinfetante embrulhava o estômago.Isabela Silva estava deitada na cama, fraca, com o corpo pesado, como se até respirar exigisse esforço.Assim que a ligação foi atendida, ela falou primeiro, sem rodeios:— O formulário da cirurgia de aborto precisa da assinatura de um familiar. Venha ao hospital.Do outro lado da linha, houve meio segundo de silêncio.Então, a voz grave do homem soou, carregada de uma impaciência mal contida:— Desde quando você engravidou que eu não fiquei sabendo? Isabela, até para ser mimada existe limite.— Você vem ou não vem?A palavra "mimada", dita daquele jeito, fez a raiva subir de uma vez.O peito de Isabela ardia.— Hoje eu realmente não tenho tempo para discutir com você!Diante da irritação dela, Cristiano Pereira fazia esforço para manter o tom controlado, mas a falta de paciência ainda transbordava pelas palavras.Foi naquele instante que o sangue de Isabela pareceu gelar por completo.Ela não r
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