Capítulo 6
No entanto, no instante em que ele deu um passo para correr até Isabela, o pé pareceu pesar de repente.

Ao baixar o olhar, viu que Lílian, que ainda chorava instantes antes, havia rolado da cadeira de rodas e caído no chão.

Ela já estava desacordada.

As pessoas ao redor entraram em pânico e começaram a gritar:

— Sra. Lílian… Ai… Sangue… Tem muito sangue.

O passo de Cristiano, que corria em direção a Isabela, tornou-se subitamente pesado, como se estivesse cravado em chumbo.

Quando Isabela foi colocada na maca móvel, sua consciência já estava turva.

No campo de visão embaçado, a última imagem que se formou foi Cristiano segurando Lílian nos braços.

Em seguida, tudo mergulhou definitivamente na escuridão.

Quando Isabela voltou a ter consciência, já era a manhã do dia seguinte.

Karine permanecia ao seu lado o tempo todo. Ao vê-la acordar, soltou um suspiro de alívio:

— Meu Deus, até que enfim você acordou… Olha no que isso virou.

Isabela moveu levemente os lábios. A garganta estava seca.

Karine apressou-se em lhe dar água:

— O Cristiano passou aqui agora há pouco. Ficou uns dez minutos.

Isabela permaneceu em silêncio.

"Dez minutos?"

Ao ouvir esse número, algo afundou ainda mais dentro do peito dela.

— Ele pediu para você me dizer para não denunciar a Lílian, não foi?

— Você ouviu isso?

Karine ficou chocada.

De fato, Cristiano havia pedido exatamente isso: que Isabela não denunciasse Lílian naquele momento.

Que desgraçado.

A esposa dele ainda nem tinha acordado, e ele já estava defendendo a Lílian.

Isabela baixou o olhar, fixando a agulha do soro cravada no dorso da mão.

— Não. Mas dava para adivinhar.

Durante aqueles seis meses, a atitude dele em relação à Lílian nem precisava ser comentada.

Na noite anterior, quando Isabela mencionou a denúncia, Cristiano não apenas tentou impedir. Ele entrou em pânico de verdade.

Karine a interrompeu e aproximou a tigela:

— Esquece esse homem. Come um pouco de mingau.

Esse Cristiano.

Karine havia visto com os próprios olhos o quanto o relacionamento deles já fora bom no passado.

Mas agora, só de ouvir aquele nome, já sentia um aperto no peito.

— Você perdeu muito sangue ontem à noite…

Ao dizer isso, a voz de Karine acabou embargando.

Ainda assim, quando Cristiano passou ali há pouco, não parecia tão preocupado.

Provavelmente achava que Isabela tivesse apenas um resfriado comum.

Com a cunhada, ele era só atenção.

Sobre o estado da própria esposa, não sabia absolutamente nada.

— E mesmo assim, ele ainda conseguiu ir embora enquanto eu não tinha acordado. — Isabela soltou um riso curto e frio.

— Chega. Não fala mais do Cristiano. Se você quiser se divorciar, eu te apoio totalmente. — Karine fechou o semblante.

E daí que a família Pereira fosse a maior potência de Nova Aurora?

No fim das contas, isso não tinha absolutamente nada a ver com Isabela.

Karine bufou, cheia de rancor:

— E a Lílian ainda reabriu o ferimento com aquela queda. Para ocupar o lugar ao lado do Cristiano, chegou a esse ponto… Devia ter caído e morrido de vez.

Karine tinha visto tudo na noite anterior.

Quando Isabela desmaiou, Cristiano chegou a dar um passo na direção dela.

Mas, no segundo seguinte, Lílian também desmaiou.

Duas quedas ao mesmo tempo. Coincidência demais.

Para Karine, estava claro: Lílian havia feito de propósito.

Por um homem, ela era capaz de apostar até a própria vida.

Naquela noite, Isabela também sofrera uma hemorragia intensa.

Agora, precisava ficar internada por pelo menos uma semana.

Karine a acompanhou enquanto ela terminava o mingau, ajeitando tudo com cuidado:

— Vou voltar para casa e pegar algumas roupas para você. Fica quietinha aqui, está bem?

— Está.

Isabela se sentia exausta.

Talvez por ter perdido sangue demais, a cabeça ainda estava pesada, como envolta em névoa.

Assim que Karine saiu, ela voltou a fechar os olhos.

Pouco depois, a porta do quarto foi aberta, seguida pelo som suave das rodinhas de uma cadeira de rodas deslizando pelo chão.

Isabela abriu os olhos.

Lílian apareceu na entrada do quarto.

Ela virou levemente o rosto, e a pessoa que empurrava a cadeira assentiu de imediato:

— Sra. Lílian, vou ficar lá fora.

— Ok.

A empregada a conduziu até dentro, saiu e fechou a porta.

Com um sorriso nos lábios, Lílian olhou para Isabela:

— E então? Acabei de falar com o seu médico responsável. Ele disse que você teve uma hemorragia grande ontem à noite… Deve estar bem fraca agora, não é?

O tom era suave, quase carinhoso, mas carregava uma satisfação evidente.

Isabela não respondeu.

Apenas a encarava, fria.

Ao encontrar o gelo perigoso no olhar dela, o sorriso de Lílian se alargou, provocador:

— Assim mesmo… Você ainda acha que vale a pena continuar com o Cris?

Isabela ergueu levemente os olhos:

— Aquela empurrada que você me deu… Foi de propósito, não foi?

Naquele instante, Isabela tinha quase certeza.

Não apenas dois anos atrás, mas também ontem. Tudo havia sido intencional.

Lílian cruzou as mãos sobre o colo.

O sorriso desapareceu do rosto.

— Se divorcia do Cris. As condições, você pode escolher.

Isabela permaneceu em silêncio.

Era essa, afinal, a "boa nora" que a família Pereira tinha em mente.

Obediente, sensata, suave, impecável em cada gesto.

Que maravilha.

Isabela soltou um riso baixo, carregado de ironia:

— Você passou todo esse tempo fingindo depressão. Ele sabe o que você realmente sente por ele?

— Isso não é da sua conta.

A resposta veio fria, cortante.

Justamente por Isabela ter crescido em um orfanato, Lílian, diante dela, mostrava desprezo sem o menor pudor.

Isabela continuou:

— Ontem até vai. Mas e dois anos atrás? Por que você também me atacou naquela época?

Dois anos atrás, Marcos ainda estava vivo.

Naquele tempo… Ela já nutria aquele tipo de sentimento por Cristiano?

Lílian a encarou por alguns segundos, então baixou o olhar:

— Isso também não é algo que você precise saber.

Aquilo bastava.

Ficava praticamente confirmado que, tanto ontem quanto dois anos atrás, tudo havia sido intencional da parte de Lílian.

— Isabela, não adianta ficar inconformada. — Disse Lílian, com frieza. — Alguém da sua origem nunca deveria ter entrado na família Pereira.

A expressão era um deboche direto.

Diante de Lílian, Isabela não passava de uma formiga, alguém sem qualquer capacidade de reagir ao que quer que ela decidisse fazer.

Naquele momento, Isabela não tinha qualquer condição de revidar, fosse o que fosse que Lílian fizesse.

Diante daquela arrogância sem limites, Isabela soltou um riso curto.

— O Cristiano já te contou?

— Contou o quê?

— Que os direitos exclusivos do projeto Terra Serena… Eu vou recuperar.

Ao ouvir o nome, a expressão de Lílian congelou por um instante.

Logo depois, ela riu com desdém:

— Recuperar? E como exatamente? Com essas suas "armas legais"?

Isabela manteve o olhar gelado.

— Com alguém da sua posição… Se eu quisesse que você morresse, ninguém jamais descobriria. — Continuou Lílian. — Então é melhor não inventar gracinha nenhuma. Isso não funciona comigo. Só vai me irritar. E isso não te traria nenhum benefício.

A ameaça de Lílian vinha carregada de frieza.

O olhar que ela lançava para Isabela era perigosíssimo.

— Se divorcia do Cris. Sai de Nova Aurora. E não volte nunca mais.

Ela fez uma breve pausa, o tom ainda mais gelado:

— Esta é a única vez que eu falo com você de forma "gentil".

Ela girou a cadeira de rodas e seguiu em direção à porta.

Isabela falou, com a voz cortante:

— É a primeira vez que eu vejo uma amante tão descarada.

As outras amantes andavam sempre de cabeça baixa.

Lílian, porém, só se permitia agir assim porque tinha uma mãe poderosa por trás.

A cadeira de rodas parou.

Lílian virou-se para olhar Isabela.

O sorriso nos lábios ganhou um tom quase sanguinário.

— Amante? Em Nova Aurora, quem sabe que o Cristiano tem uma esposa como você?

Aquelas palavras soavam especialmente irônicas.

A própria Isabela sentiu o peso daquela ironia.

No momento em que Lílian ainda ia dizer algo, a empregada do lado de fora avisou:

— Sra. Isabela, o Sr. Cristiano chegou.

Lílian lançou um único olhar para Isabela.

Foi apenas um instante.

No segundo seguinte, o semblante dela já havia mudado por completo.

Ela girou a cadeira de rodas e foi até a beira da cama.

No exato momento em que a porta do quarto foi empurrada, Lílian estendeu a mão e segurou a de Isabela.

— Belinha, eu entendo o quanto você quer ter um bebê… Mas uma gravidez psicológica às vezes faz a gente sentir como se estivesse grávida. Se você não se importar, no futuro eu posso deixar os bebês passarem mais tempo com você, está bom?

A Lílian que instantes antes exalava arrogância agora se transformava em uma cunhada perfeitamente gentil.

Uma gentileza palpável, quase excessiva.

Isabela semicerrava os olhos.

— Se você realmente quer ser mãe, não me importo que os bebês te chamem de mãe também. — Disse Lílian, com uma doçura calculada.

Tomar Cristiano ainda não parecia suficiente.

Agora, ela também queria que as crianças chamassem Isabela de mãe.

Era preciso admitir.

Lílian sabia exatamente onde enfiar a faca.

Isabela não foi nada educada.

Ela puxou a própria mão de volta e, sem hesitar, levantou o braço.

O tapa acertou o rosto de Lílian com um estalo seco.

— Pá.

O som ainda ecoava no ar quando o grito estridente de Lílian se fez ouvir:

— Aaaah!

No instante em que Cristiano apareceu à porta do quarto, a cena se desenrolava diante de seus olhos.

O semblante dele escureceu imediatamente.

Lílian também não esperava que Isabela realmente tivesse coragem de lhe dar um tapa. Cristiano apareceu na porta no exato momento.

Uma onda de fúria subiu dentro de Lílian.

Mas, no instante seguinte, ao perceber a presença de Cristiano, ela a reprimiu à força.

O tom mudou imediatamente. Tornou-se frágil e queixoso:

— Belinha, por que você fez isso? Eu…

— Pá! Pá!!

A frase ainda não havia terminado.

Dois tapas vieram em seguida, rápidos e violentos, acertando em cheio o rosto de Lílian.

Ela não economizou força alguma.

Depois de três tapas consecutivos, a cabeça de Lílian zumbia, como se o cérebro estivesse prestes a explodir.

Ao ver aquela cena, o sangue de Cristiano subiu de imediato.

— Isabela, o que você pensa que está fazendo? — Disse ele, tomado pela fúria.

Lílian levou as mãos ao rosto.

Os olhos marejados se ergueram para Cristiano, a voz embargada:

— Cris…

Cristiano avançou e agarrou com força o pulso de Isabela, que já se erguia para bater novamente:

— Você enlouqueceu?

Isabela se desvencilhou com violência.

— Enlouqueci? — O riso dela era frio. — Isso aqui é só um adiantamento dos juros.

As palavras mal haviam terminado de sair.

Com a outra mão, Isabela girou o corpo e desferiu um tapa direto no rosto de Cristiano.

No mesmo movimento, virou-se de volta e acertou outro tapa em Lílian.

O quarto inteiro pareceu, naquele instante, ser engolido por uma fúria absoluta.
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