Segunda-feira à tarde, Sofia entrou no escritório do Dr. Mendes no centro de São Paulo com o pen drive na bolsa e o coração acelerado. O prédio era antigo, mas o ambiente impecável: paredes com diplomas, estantes cheias de códigos legais, uma secretária educada que ofereceu café. Dr. Mendes, um homem de uns 60 anos, cabelo grisalho e olhos afiados por décadas de tribunais, recebeu-a com um aperto de mão firme.— Senhorita Almeida, sente-se. Sua mãe me ligou resumindo o caso. Mas quero ouvir da senhorita.Sofia contou tudo: as dívidas do pai, o casamento repentino de Rafael, a reunião na fazenda que Lucas gravara, as ameaças implícitas, os seguranças armados. Mostrou as gravações no notebook, os áudios abafados, as fotos borradas dos helicópteros e de Vargas.O advogado ouviu atento, fazendo anotações, pedindo para pausar em certos trechos.Quando ela terminou, ele recostou na cadeira, dedos entrelaçados.— Isso é grave, Sofia. Temos elementos de coerção moral (artigo 146 do Código Pen
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