Não. Tae-ho não estava apaixonado por In-jo. Ele bem que tentou amá-la, mas não conseguiu. Tentou sentir desejo, forçar alguma conexão, mas tudo soava falso — um teatro sem alma. Fazer-se passar por Eun-woo tinha sido, no início, apenas uma brincadeira boba, fruto de uma carência repentina e da vontade de se sentir desejado como o amigo sempre foi.Mas agora, encarando tudo de forma sóbria, ele percebia: tinha sido uma brincadeira idiota. Um erro. E mais idiota ainda tinha sido levá-la ao apartamento de Eun-woo.Nem atração Tae-ho conseguia sentir por In-jo. E não era pela diferença de idade. Era por outro motivo. Um motivo que ele escondia do mundo. Um que ele tentou apagar, mas que sempre voltava com força. Ele sabia o que estava por trás da sua dificuldade em se conectar verdadeiramente com ela — ou com qualquer mulher.Ele quis acreditar que talvez, se fosse sincero com ela, talvez desse certo. Quando ela estivesse realmente envolvida, talvez ele tivesse coragem de contar. Dizer a

Tae-ho estava encostado na varanda, com os braços cruzados, quando me aproximei.Eu não esperava por outra provocação, ainda mais agora, com o casamento tão próximo.Mas bastou ele abrir a boca para eu sentir o veneno escorrendo entre as palavras.— E se o seu pai morrer, você vai continuar levando essa farsa de casamento adiante? — a pergunta dele veio seca, sem rodeios.Meus olhos se arregalaram. Aquilo me pegou de surpresa.— Como é que é?— Você está se casando com Eun-woo só para salvar o seu pai, e Eun-woo está se casando com você só para cumprir o último pedido do pai dele. Esposa e neto. É tudo um teatro.Travei a mandíbula e encarei Tae-ho.O peito começou a doer, mas não de tristeza — de raiva.— Eu amo o Eun-woo! — declarei, firme, sentindo meu coração acelerar.Ele sorriu com desdém, como se estivesse esperando exatamente essa resposta.— Mas ele não te ama. Ele apenas te deseja. É só atração. Sempre foi assim com ele. Mulherengo, sabe? Usa e descarta. Por isso eu acho que

Depois daquela noite, não conseguimos mais resistir um ao outro. Fizemos amor várias vezes antes do casamento, em momentos inesperados, como naquela manhã em que fui levar o café para ele em sua sala.Ele me recebeu com um sorriso malicioso e, antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, me puxou para os seus braços. O calor do seu corpo me envolveu de imediato. Nossos lábios se encontraram com urgência e desejo. Quando ele começou a me despir com cuidado, seus olhos percorreram meu corpo com admiração — e desejo evidente. Um gemido baixo escapou de seus lábios, como se ver minha pele nua fosse a maior provocação.Meus sentidos estavam em chamas. Eun-woo me levantou com facilidade, me encostando na parede da sala. Nossos corpos se fundiram em beijos profundos e toques carregados de intenção. Quando ele me acolheu entre seus braços, senti cada músculo dele se mover contra mim — firme, protetor, sedutor.Com movimentos intensos e apaixonados, ele me fez sua ali mesmo, me conduzindo a um m

— Por que nunca me contou nada, mãe, e o senhor pai? — perguntei, minha voz embargada pela mistura de raiva e incredulidade. — Vocês sabiam de tudo, desde o início!Minha mãe respirou fundo, o olhar baixo. Meu pai permaneceu em silêncio por um momento, antes de dizer com pesar:— Porque não era o nosso segredo, filho. Era o segredo da Tae-ho... ou melhor, da menina que ela sempre foi. E da mãe dela.— Meu Deus… o que vocês fizeram com ela? — murmurei, quase sem acreditar no que ouvia.Minha mãe olhou para mim com olhos marejados.— Eu e Bok-hee nos conhecemos na faculdade. Nos tornamos muito próximas. Quando eu me casei com seu pai, ela estava envolvida com um homem casado… O senhor Bong.Assenti. — O mordomo da casa de campo.— Sim… — continuou ela, com a voz vacilante. — Quando Tae nasceu e Bok-hee percebeu que era uma menina, entrou em desespero. O senhor Bong havia dito que deixaria a esposa por ela se o bebê fosse um menino. E ele não estava na cidade quando a criança nasceu. Fo

Meu pai começou a quimioterapia, eu e minha mãe fomos com ele na primeira sessão.O cheiro forte do hospital, os corredores frios, os rostos abatidos de outros pacientes e acompanhantes — tudo aquilo me atingiu como uma pancada. Era diferente estar ali por outra pessoa, e muito mais difícil quando essa pessoa era seu próprio pai. A sala de aplicação era silenciosa, com algumas cadeiras dispostas em fileiras e pacientes ligados aos soro gotejando lentamente suas esperanças de dias a mais.Meu pai sentou-se, ainda com seu bom humor contido, tentando nos tranquilizar.— Isso aqui vai parecer só uma vitamina — disse, forçando um sorriso para mim e para minha mãe, que lutava para não chorar.Mas eu vi nos olhos dele o medo. O mesmo que eu também sentia.Segurei sua mão durante os primeiros minutos. Ficamos em silêncio. Não precisávamos dizer nada. Era como se aquele momento nos dissesse tudo o que importava: que o tempo agora era precioso, que a vida não vinha com garantias, e que o amor,