Após o almoço, subi para descansar. O sono vinha fácil, e o cansaço da viagem era evidente. Léo foi resolver os serviços. Ele tinha um projeto que eu não sabia qual era, também não havia perguntado devido ao seu problema com o passado, com a traição de Maire.Léo chegou. Já era noite, e o cheiro de bolo que Emma havia feito se misturava com o perfume dele, uma mistura que me trazia uma sensação de lar. Ele trazia alguns chocolates.— Como foi o dia? — ele perguntou, se sentando na cama.— Foi tranquilo, mas a sua ausência me deixou com saudades — respondi, e o meu coração acelerou com a confissão.Ele sorriu, aquele sorriso de canto que me fazia derreter por dentro.— Eu também senti sua falta, por isso trouxe chocolates. Não podia esquecer de você.Os chocolates, a sua presença, a sua ternura… tudo me fez esquecer do contrato, do casamento de conveniência Os dias se passaram, e foram os melhores dias da minha vida. A França, com sua beleza, sua cultura e sua história, me conquistou

A semana se arrastou, e lá estávamos nós, sexta-feira de malas prontas. O médico veio até a residência fazer uns exames, mas eu estava ótima. Fomos para Águeda. Infelizmente, não conseguimos passar em Lisboa, mas a ideia de reviver a experiência sob os guarda-chuvas coloridos era animadora. Chegamos em Águeda e fomos descansar para o sábado. Léo estava ansioso.O quarto do hotel, a vista, tudo me lembrava da nossa primeira vez ali, no campeonato, quando o nosso beijo aconteceu Chegou o sábado, e lá estava Léo. Partimos para o local, e eu estava aflita. Os batimentos do meu coração pareciam acompanhar o barulho do motor. O meu corpo, a minha mente, tudo em mim estava ansioso. Léo se trocou e foi correr. Eu, na arquibancada, me sentia uma peça em um tabuleiro de xadrez, observando o jogo se desenrolar. A corrida, que antes me parecia apenas um esporte, agora me parecia um perigo iminente. O medo de que algo acontecesse, a preocupação, a incerteza… tudo se misturava em um turbilhão

~Na voz de LÉO~ O som dos motores, o vento no capacete. Eu estava pronto para levar aquele troféu, a adrenalina correndo nas minhas veias. Gostava daquele sentimento, da velocidade, da paixão, do desafio. Me despedi de Helena, deixando-a com Fred e minha equipe, e fui para a pista. Dada a primeira volta, eu me senti completo, feliz, livre. Mas na segunda, algo deu errado. O pneu derrapou, perdi o controle. Eu tentei, tentei frear, tentei desviar, mas a moto não tinha freio algum.O som do impacto estremeceu minha cabeça. A dor, a escuridão... eu já estava no chão, pessoas ao meu redor, vozes distantes. Mas a minha mente só tinha uma coisa: Helena e o nosso filho. Ela não deveria ter vindo. Não deveria ter visto isso. O medo me consumiu, não o medo da morte, mas o medo de perdê-los, de deixá-los sozinhos, como eu me senti por tanto tempo.A minha visão escurecia, a dor em minha cabeça era insuportável. Eu tentei abrir os olhos, tentei me mover, mas meu corpo

Quando todos saíram, e o silêncio se instalou no quarto, ele começou a falar, a sua voz frágil, quase um sussurro, sem querer me preocupar.— Helena, aconteceu alguma coisa com a minha moto. Não tinha freio algum.As suas palavras me chocaram. Agora estava explicado por que ele não tinha tentado frear. O desespero, o medo, a preocupação que ele sentiu... tudo parecia tão real. Eu me aproximei dele, segurei a sua mão, e o meu coração se encheu de uma mistura de alívio e raiva. Alívio por ele estar vivo, raiva por alguém ter feito isso com ele. — Quem faria isso, Léo? — perguntei, a minha voz era um sussurro, mas carregada de uma raiva que me assustava.— Não sei, Helena, mas alguma coisa de errado aconteceu. Foi uma sabotagem, eu sei. Eu estava indo muito bem.— Eu preciso sair daqui — ele disse, a voz cheia de desespero.— Você precisa, mas primeiro você tem que se recuperar — falei, a sua mão na minha, o meu coração batendo forte, mas a minha voz era firme.— E os negócios? — ele p

- Leo, eu estava pensando, falei, enquanto a gente comia a sopa fria e o sol saía, pintando o céu de cores quentes. "Era para eu ter ido no médico quinta-feira, mas como não podemos viajar, e se eu fizesse uma ultrassom aqui? Pra gente saber como está o bebê e talvez até descobrir o sexo".Ele parou de comer e me olhou, um misto de surpresa e alegria em seus olhos. A sua mão, ainda frágil, buscou a minha, e eu a segurei, sentindo a sua força.— É uma excelente ideia, meu amor — ele disse, a voz ainda rouca, mas carregada de uma emoção que me fez chorar. — Eu preciso saber que vocês estão bem. Depois de tudo o que aconteceu, a única coisa que importa é a segurança de vocês dois.-Eu quero ir junto com você, Léo falou, sua voz rouca, mas com uma doçura que me desarmou. Ele não estava pedindo, estava afirmando. A sua mão, ainda frágil, segurava a minha, e o seu olhar, cheio de amor e carinho, me fez sentir completa."Claro, Léo, vamos juntos", falei, a voz embargada pela emoção. "Eu não