O sono me tomou como um manto pesado naquela noite. A biblioteca, o abrigo, os rostos sorridentes de Clara e Felipe, até a sombra silenciosa de André… tudo desapareceu assim que fechei os olhos. Não houve transição suave, não houve escuridão profunda. Apenas fui puxada, como se mãos invisíveis me arrastassem para outro lugar.Quando abri os olhos, estava de pé no meio de uma clareira. O chão era macio como veludo, coberto por folhas prateadas que reluziam sob a luz da lua cheia. O ar tinha o cheiro puro da floresta antiga, o tipo de cheiro que me transportava de volta à infância, antes da rejeição, antes das cicatrizes.No céu, a lua era maior do que eu jamais vira. Um disco imenso, pulsante, quase vivo. Sua luz caía sobre mim como uma carícia e, ao mesmo tempo, como um julgamento.Dei um passo à frente, e percebi que não estava sozinha.Sombras dançavam ao meu redor, formando silhuetas de lobos. Eram translúcidas, feitas de puro brilho lunar. Elas corriam em círculos, uivando em harm
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