As palavras de Pedro — "é muito mais excitante" — pairaram no ar denso do carro, uma confissão que mudava tudo. Ele não a via mais como um desafio a ser conquistado, mas como uma força a ser reconhecida. O respeito em seus olhos era, de alguma forma, mais íntimo do que qualquer um de seus beijos. O resto da viagem até o apartamento dela foi feito em um silêncio confortável, o primeiro que já haviam compartilhado. A tempestade de ciúmes e poder havia passado, deixando para trás o ar limpo e uma nova paisagem. Quando o carro parou em frente ao seu prédio, Isabella se virou para agradecê-lo e se despedir. Mas ele falou primeiro, o olhar fixo à frente, a voz baixa e séria. — A jogada de Rafael foi ousada. Ele expôs uma fraqueza em minha operação: ele presumiu que meu ativo mais valioso poderia ser comprado. Ele estava errado. Mas a tentativa me mostrou que preciso proteger meus ativos com mais cuidado. Ele finalmente se virou para ela, e a intensidade em seu olhar era puramente estrat

Isabella acordou na manhã seguinte com uma sensação que não experimentava há seis anos: silêncio. Não o silêncio de seu apartamento, mas o silêncio em sua mente. O zumbido constante e aterrorizante da preocupação financeira, o medo de uma ligação no meio da noite, a contagem incessante de dias até a próxima fatura da clínica — tudo isso havia desaparecido.No lugar, havia uma calma vasta e desconhecida. E no centro dessa calma, a imagem de Pedro Montenegro. Ele não havia apenas resolvido seu problema; ele havia removido o fardo que definira sua vida adulta.Enquanto se preparava para o trabalho, ela se olhou no espelho. A gratidão que sentia era avassaladora, mas por baixo dela, a estrategista de Harvard estava analisando a nova realidade. Uma dívida de gratidão era uma corrente mais forte do que qualquer contrato de trabalho. Ela entendia a jogada dele. Ao libertá-la de sua maior fraqueza, ele a tornara mais forte, mais focada e, consequentemente, um ativo mais poderoso para ele. E a

O eco das palavras de Pedro — "Você é o meu exército inteiro" — reverberou no silêncio do carro durante toda a viagem de volta. Não era um elogio; era uma coroação. Uma transferência de poder e confiança tão absoluta que deixou Isabella sem fôlego. O jogo de sedução, com suas provocações e testes, parecia subitamente juvenil. O que nascia entre eles agora era algo muito mais sóbrio, mais afiado e infinitamente mais perigoso: uma aliança. Eles não voltaram para o escritório. O motorista seguiu diretamente para a penthouse, o quartel-general não oficial da guerra deles. Ao entrarem, a energia era diferente. A tensão sexual que antes preenchia cada canto da sala fora substituída por uma eletricidade diferente, a de dois generais voltando para sua tenda de comando após uma vitória crucial, a adrenalina da batalha ainda pulsando em suas veias. — O plano dela era claro — disse Pedro, finalmente quebrando o silêncio enquanto servia dois uísques no bar. Ele não perguntou se ela queria; apen

A semana que se seguiu foi uma lição de guerra silenciosa. A fotografia de Lúcia permaneceu trancada na gaveta de Pedro, um fantasma exorcizado pelo novo foco do presente. Guiados pela estratégia de Isabella, eles se moviam com uma precisão letal. O convite para o Dr. Aris Thorne, o cérebro da TechNova, foi redigido não como uma oferta de emprego, mas como um convite para um simpósio privado sobre o futuro da IA, com apenas um punhado dos maiores nomes do setor. Era um apelo ao ego e ao intelecto, não à ganância. A aceitação foi quase imediata. Enquanto isso, o primeiro fruto da vitória de Isabella no leilão chegou. Julian Croft, o artista cuja obra fora o centro da disputa, foi convidado para uma reunião na Montenegro Corp. Ele era um homem jovem, de aparência boêmia, com olhos inteligentes que pareciam ver através das fachadas. Ele esperava uma reunião com um executivo de terno cinza para discutir os termos de seu contrato de exclusividade. Em vez disso, Pedro o apresentou a Isab

A resposta de Pedro à mensagem de Isabella não veio por e-mail. Na verdade, durante todo o dia seguinte, ele a ignorou completamente. A muralha de gelo estava de volta, mais alta e fria do que nunca. Verônica exultava, e Isabella sentia os olhares de pena e desprezo de seus colegas. Ele a usara para descobrir a fraqueza de Sampaio e agora a descartava. A dúvida, amarga e fria, começou a se infiltrar em sua determinação. Foi quase às dez da noite, quando ela estava em seu apartamento, exausta e desanimada, que seu celular pessoal vibrou. Era um número desconhecido. A mensagem não continha palavras. Apenas um conjunto de coordenadas geográficas e um horário: 23:00. O coração de Isabella deu um salto. Era ele. Não era um convite, era uma convocação. E o local não era a penthouse, nem o escritório. Era algo diferente. Perigoso. O carro que ela solicitou pelo aplicativo da empresa a levou para o coração financeiro da cidade, mas parou em frente a um gigante adormecido: o esqueleto de um