Lucile Os dias passam arrastados, como se cada minuto tivesse um peso próprio. Eu continuo indo ao hospital todos os dias, porque não consigo me permitir faltar nem uma visita sequer. Minha mãe está ali, entre a lucidez e o cansaço, e eu nunca sei se, quando chego, vou encontrá-la com os olhos abertos ou apenas respirando com esforço, cada vez mais dependente das máquinas e do oxigênio. Não vi mais Russ. Sei, pelos enfermeiros, que ele ainda passa por aqui, conversa com os médicos, mas respeita meu pedido de distância. E isso dói. Dói porque, ao mesmo tempo que estou magoada demais para encará-lo, parte de mim sente falta de tê-lo do meu lado, de poder desabar no peito dele. Mas não consigo. Não depois do que ele escondeu de mim. Eu podia ter aproveitado mais tempo com a minha mãe. Podia ter tido conversas, risadas, tardes de chá. Podia ter fotografado cada detalhe, registrado cada lembrança. Agora, só me resta vê-la definhar, dia após dia, e lidar com o medo constante de que
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