O banheiro estava silencioso, exceto pelo som distante do vento batendo nas paredes do chalé. Madeleine encostou a porta, não por necessidade de privacidade, mas para criar aquele casulo temporário. O espelho, embaçado pelo vapor do banho, devolvia apenas contornos borrados — como se fosse um lembrete de que a nitidez, às vezes, precisa esperar.Passou a palma da mão pelo vidro, afastando o véu úmido. Aos poucos, o rosto que surgiu à sua frente já não parecia o mesmo que ela lembrava do primeiro inverno ali. Os traços estavam mais suaves, mas não porque o tempo tivesse apagado a dureza — e sim porque havia algo novo sustentando aquele olhar.Era diferente de quando, semanas antes, tinha se visto no mesmo espelho e encontrado apenas cansaço. Agora, havia cor nas bochechas, um brilho sutil nos olhos. Não era felicidade plena, mas era presença. E isso, para Madeleine, era uma vitória.Encostou as mãos na pia, sentindo a cerâmica fria. Respirou fundo, deixando o ar preencher o peito. Não
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