E ele a segurou tão firme que parecia mais um pacto do que um contrato improvisado. E como se o destino tivesse sentido a necessidade de aliviar o peso da negociação, lembrei do pedido que tinha feito mais cedo. _Aliás… cadê o meu sorvete? -falei, forçando leveza. Pouco tempo depois, estávamos sentados lado a lado, dividindo a sobremesa numa colherada alternada. Claro que a minha era o quadrado da hipotenusa, ou seja a maior parte… Afinal o pote era meu. E, por um instante, o sabor doce na boca disfarçava o amargo de toda aquela confusão. Ele me ofereceu a colher, e eu aceitei como se fosse um gesto banal, mas a verdade é que aquilo nos fazia parecer um casal de verdade e essa ideia me fez rir sozinha. _O que foi? -ele perguntou, desconfiado. Balancei a cabeça, mordendo o sorriso. _Nada não… é só que… olha só pra nós dois. Quem diria que eu teria um Romeu particular me servindo sorvete? Ele arqueou a sobrancelha, estreitando os olhos, lembrando-se imediatamente do

Já trabalhei com gente meticulosamente calculista e continuo trabalhando com alguns, como o senhor Artur. Eles costumam ser chatos e persistentes pra cacete. Por isso eu sei que essa poeira não vai baixar tão cedo. A minha rotina continuou quase a mesma, tirando o fato de que agora eu tinha que andar mancando. Estava tudo igualzinho, mas o que mais me surpreendeu foi Enzo. O idiota firmou com Irma um contrato de exclusividade mensal, o que seria um único cliente, com total dedicação em eventos e vida social. como se eu fosse alguma boneca reborn. Onde já se viu me tratar como mercadoria? Bom, a quem eu quero enganar? Sou uma acompanhante! Ao menos sou uma mercadoria cara, mas ainda assim… Era frustrante. Agora só me restava saber de uma coisa, o dinheiro era realmente meu ou Irma tinha dado um jeitinho de embolsar a quantia? _Aqui! -ele disse, colocando o copo de sorvete na mesa e se sentando à minha frente. E de repente,Sem pedir licença, ajeitou meu pé no colo

Mais tarde, depois do jantar e de cumprir a promessa de conversar apenas com senhor Artur, saímos de mãos dadas, como um casal de verdade, apenas para causar inveja._Um dia desses sua mãe bate em mim, com certeza. Viu como ficou durante o almoço? falei, rindo, mas ele continuou andando, de cara fechada, então parei.Quando já estávamos a uma distância segura dos olhos do senhor Artur, soltou minha mão e respirou fundo._Já podemos parar de fingir, isso será só na frente deles. Assenti e entrei no táxi que ele já havia chamado para mim.Às vezes ele me irritava. Poderia muito bem me levar para casa, mas preferiu me deixar nas mãos de um uber qualquer.Não que fosse problema, eu já estava acostumada, mas naquela altura já era diferente. Se ele tinha feito um trato comigo para alugar minha vida, que pelo menos cuidasse dela direito.Cheguei ao casarão cansada. Meu pé ainda doía um pouco, então tomei um banho e comecei a arrumar meu quarto.Agora que, oficialmente, eu trabalhava ali,

Um resquício de sentimento talvez, ou mesmo culpa, talvez ainda a desejava. Não importava, só sei que foi realmente um soco no meu subconsciente , mas não doeu. Pelo contrário, se ele ainda nutria algum fogo incessante por ela, eu poderia transformá-lo em munição. E aí eles teriam a arma perfeita para pararem pelo menos de se matar com olhares que todos percebiam. O que deixou Ana um pouquinho satisfeita, então sem muito esforço Virei-me para ele com um sorriso doce, pousando a mão sobre a dele como se fosse a coisa mais natural do mundo. _Amor, passa o sal pra mim? -falei, num tom suave, quase íntimo. Ele piscou algumas vezes , surpreso, pois não tínhamos combinado nada ainda o que era burrice, mas me obedeceu sem protestar. Sandra arqueou uma sobrancelha um pouco incomodada e a mãe dele pigarreou, desconfortável. Senhor Artur, porém, abriu um sorriso satisfeito, como quem dizia é assim que se faz! E eu continuei no papel, deslizando minha mão pelo braço de Enzo,

Fiz uma careta… Pronto! Ele abriu a boca, me fazendo voltar a vê-lo como o mal humorado de sempre e tirando todo seu charme. Respirei fundo passando a tolha como cachecol e revirei os olhos. _ Ah, Enzo… Você não é criança! Sabe o que tem no seu corpo melhor que ninguém, é normal chamar atenção- falei me virando e quando ia entrar acrescentei_ É só lembrar de sair todo vestido, pela próxima! _ Mas eu não durmo todo vestido! Já é suficiente eu respeitar sua presença me cobrindo com alguma coisa!- falou apontando para a calça e eu arqueei a sobrancelha, voltei a encara-lo e dessa vez vi sua poma de Adão descendo e subindo rapidamente. Acompanhei aquele movimento involuntariamente até onde parou e depois subi por sua mandíbula bem definida e bem barbeada que não sei se é como eu gosto porque nunca gostei de ninguém, mas era linda, parei em sua boca desenhada e parecendo que passou algum protetor mágico para fazê-los tão hidratados, foi aí que eu mesma me peguei. Eca! Eu estava