LaísNaquela manhã, a ONG parecia um porto em véspera de tempestade: gente indo e vindo com caixas, cabos, pastas, banners; Nanda no centro de tudo, distribuindo tarefas com a firmeza de quem já atravessou muita maré. A decisão estava tomada: faríamos uma coletiva pública na escola municipal, aberta à imprensa e à comunidade. Não seria um grito, seria demonstração. Fato por fato, nota por nota.— Lembrem-se — disse Nanda, batendo de leve na mesa —, holofote é só luz. O que sustenta é raiz. Transparência é raiz. Lucas, telão e projeção. Gabriela, prepara as histórias das escolas. Rafaela, confirmação de convidados e recepção. Breno… — ela respirou, medindo as palavras — ajuda na montagem e guarda o megafone para o final, se sobrar energia.Breno sorriu, sem ofensa. — Prometo usar minha voz só para pedir silêncio.Eduardo ajeitava os slides finais, os olhos marcados por uma noite curta. Eu, estagiária e esposa, passava fita nos cabos e etiquetava caixas, tentando conter o tremor interno
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