Vittoria sente o coração acelerar, e seus dedos deslizam instintivamente pelo cateter nasal, enquanto a fraqueza ainda pesa sobre seu corpo.— Papà. — Vittoria sussurra, forçando firmeza nas palavras, mas o tremor do corpo revela o medo que a domina.— Fiquei tão preocupado, principessa. — Alfonso declara, com a voz suave demais, enquanto seus dedos roçam a mão dela em um afeto que parece ensaiado.Rapidamente, Vittoria puxa a mão, tomada pela repulsa do toque dele. Ali, naquele instante, ela enxerga a verdadeira face do homem que chamou de pai por tantos anos.— O que aconteceu, principessa? — Pergunta, erguendo a sobrancelha ao notar a reação brusca dela.— Nada. — Responde, forçando firmeza enquanto segura as lágrimas. — Acho que estou confusa. — Mente, tentando endireitar-se na cama, mas o corpo cede, revelando o quanto está debilitada. — O que aconteceu? — Pergunta, como se realmente não se lembrasse do ocorrido.— Principessa, você foi atacada outra vez. — Responde, mantendo-a

Vittoria sente o ar fugir de seus pulmões, porém se força a repetir o exercício de respiração que ele orientou. No entanto, enquanto busca controle, lágrimas silenciosas novamente rompem sua resistência e escorrem pelo seu rosto.Vincenzo segura a mão dela com firmeza, mantendo os olhos fixos nela e, ao mesmo tempo, atentos aos monitores.— Isso é mentira. — Vittoria afirma, a voz firme, embora carregada de dor. — Minha mãe jamais faria algo assim. Essas palavras não passam de uma desculpa covarde para justificar as atrocidades que ele a obrigava a suportar.Vincenzo solta a mão dela somente para deslizar os dedos sob seus olhos, afastando com cuidado as lágrimas que insistem em cair, como se quisesse protegê-la até mesmo da própria dor.— Como isso é possível? — Prossegue, enquanto fecha os olhos como se quisesse se proteger do próprio sofrimento. — Como ele pôde ser capaz de tamanha crueldade? E, para todos, a morte da minha mãe não passou de um mero acidente, reduzida a nada além

Vittoria concorda com um leve aceno, ainda que, dentro de si, só enxergue a imagem de uma fuga, o único caminho em que acredita que eles possam viver em paz longe daquele mundo.— Fugir não é uma estratégia sensata, bella. — Vincenzo comenta, como se lesse os pensamentos dela. — Quer dizer, se eu morrer, minha morte será sua saída segura. — Completa, a voz vazia de qualquer emoção.— Como você ousa falar assim? — Vittoria explode, a voz trêmula entre fúria e dor. — Eu não quero uma liberdade construída sobre o seu caixão, Vincenzo! Quero que você fique comigo até a nossa velhice, e não essa ideia doentia de me deixar sozinha no mundo.— Quero o mesmo. — Responde, deixando a colher de lado com um gesto firme. — Mas sou um alvo em movimento constante, bella, que ainda por cima arrasta você para o centro do perigo. — Acrescenta, a voz grave e calculista. — Se um dia eles conseguirem o que tanto planejam, você não será mais perseguida. Eles só ousam atacar você porque sabem que, para me at

Em um bar mais afastado do centro de Savoca, Alfonso segura a taça de vinho com firmeza, o olhar duro e concentrado.Cesare, em contraste, está relaxado, recostado na cadeira enquanto observa as mulheres seminuas caminhando entre as mesas e servindo bebidas com movimentos provocativos.— Esse pirralho já está me fazendo perder a cabeça. — Alfonso declara, os olhos estreitados e a expressão dura, atraindo o olhar de Cesare como se a simples menção fosse um convite à conspiração.— Temos que dar um fim a esse problema logo. — Cesare comenta, distraindo-se no meio da frase quando o olhar se prende à bunda de uma garçonete que passa pela mesa.— Temos que parar de encher nossas fileiras com incompetentes. — Rebate, a irritação transbordando em cada palavra. — Dois dos nossos caíram nas mãos deles, e o idiota do Fabrizio perdeu o posto por não controlar o próprio ego. Isso só leva a crer que Tommaso já os fez falar, e tudo o que saiu dali agora pesa contra nós.— Contra você. — Corrige, so

Em um instante, tudo se estreita: o ronco furioso do motor que invade os ouvidos, o chiado agudo dos pneus contra o asfalto e a sensação sufocante de que o impacto é inevitável. O motorista reage com reflexos certeiros, gira o volante em um movimento brusco e o carro obedece com um solavanco, os pneus cantando contra o asfalto enquanto a lataria vibra, balançando violentamente para o lado como se por um fio escapasse do desastre. O cinto de segurança prende os corpos contra os bancos, e Vittoria solta um soluço, sentindo o ar escapar do peito.O veículo invasor avança descontrolado, sobe o meio-fio e se choca violentamente contra um poste, o impacto ecoando em um estrondo metálico que reverbera por toda a rua.— Você está bem? — Vincenzo pergunta, segurando o rosto de Vittoria entre as mãos, enquanto o automóvel reduz a velocidade até parar por completo.Vittoria somente concorda com a cabeça, o peito subindo e descendo em respirações pesadas, ainda tentando se recuperar do novo sust