Um silêncio incômodo ocupa a linha por alguns segundos, enquanto Vincenzo cerra os dentes, os músculos do rosto se enrijecem, e a fúria lhe sobe à garganta.— Você só pode estar brincando. — Vincenzo declara, a voz carregada de desprezo, enquanto rompe, enfim, o silêncio que pairava entre eles. — Agora me diga o que descobriu, porque a minha paciência acabou.— O que você pensa, Lucchese? — A mulher pergunta, o desdém evidente em cada sílaba. — Que pode ditar as regras como se fosse o dono de tudo? Temos um acordo, e você insiste em ignorá-lo. Entregue o que lhe pedi e, só então, terá a informação que tanto deseja.— Você realmente acredita que está sendo inteligente? — Rebate, enquanto se ergue abruptamente, a irritação gravada em cada traço do rosto. — A informação que você tem não é um capricho para ser negociado como se fosse uma moeda de troca, é o que pode me permitir compreender a merda que envolve toda essa história. Portanto, entregue-a agora, antes que eu perca de vez o inte

O coração de Vincenzo dispara em descompasso, como se já pressentisse a gravidade do que estava por vir.Ele abre a boca para questionar, mas o som se recusa a sair, preso na garganta como se o próprio corpo o impedisse de ouvir a verdade.— Ela piorou. — Edward continua, a voz controlada. — Começou com febre e tosse, que rapidamente evoluíram para um quadro de pneumonia. O organismo não respondeu ao tratamento antibiótico e agora o estado dela é considerado crítico.Vincenzo fecha os olhos, uma dor aguda atravessando o peito, enquanto a consciência da gravidade o atinge com o peso esmagador de uma realidade impossível de suportar.— O organismo dela está em processo de falência múltipla. — Informa, mantendo a voz firme. — Estamos empregando todos os recursos disponíveis para estabilizá-la, mas neste estágio trata-se de uma corrida contra o tempo.— Estou a caminho. — Vincenzo murmura, a voz baixa, como se fosse tudo o que conseguisse dizer.Ele encerra a ligação e apoia a mão sobre a

Vittoria fecha os olhos por um momento, permitindo que o peso daquelas palavras se acomode em seu peito.A ligação dela com Lily talvez não fosse tão longa nem tão profunda quanto a de Vincenzo, mas bastava olhar para ele para sentir a gravidade daquela dor como se fosse sua.— Ela irá ficar bem. — Vittoria afirma, com a voz embargada pela esperança, agarrando-se a isso como a única verdade possível, incapaz de aceitar qualquer outro desfecho.Vincenzo respira fundo contra o pescoço dela, e o aperto em sua cintura revela o quanto se agarra à esperança transmitida pelas palavras dela.— Vamos? — Vincenzo pergunta, desfazendo o contato, ainda que no fundo desejasse permanecer no calor dos braços dela.Vittoria assente devagar, deixando que os olhos se demorem no rosto dele por um instante, e ali enxerga a mesma tristeza e vulnerabilidade que presenciou quando perderam o bebê.Essa compreensão torna ainda mais nítido o que já pressentia desde o primeiro instante em que viu Vincenzo com a

Vincenzo pressiona o dorso da mão contra a máscara, sentindo o tecido úmido da própria respiração, enquanto o peito arde em um peso insuportável.Seus olhos marejados permanecem fixos no pequeno corpo, enquanto o coração se despedaça lentamente, incapaz de suportar a realidade cruel e dolorosa que se impõe diante dele.Com mãos trêmulas, Vincenzo remove a máscara, revelando um rosto tenso, contraído pelo esforço de não se desfazer por completo.Os olhos vermelhos, ardendo pelo choro contido, brilham sob a luz fria da UTI, enquanto sua respiração sai pesada, irregular, como se cada fôlego fosse uma batalha perdida.— Me desculpe, princesa. — Vincenzo sussurra, o timbre embargado, cada sílaba saindo pesada, como se lhe arrancasse o ar. — Falhei com você. Prometi te proteger, e mesmo assim te deixei partir.Os dedos dele roçam com delicadeza a pele pálida da menina, como se buscassem um calor inexistente, tentando se convencer de que aquela ausência não era real.— Você é a minha estreli

Vincenzo a guia pelos corredores, assim que chegam à UTI pediátrica, ele a deixa na área de espera, entra no setor e logo retorna com a tipoia na mão.— Deixa que faço isso. — Vittoria declara, aproximando-se dele.— Não precisa. — Vincenzo retruca, a voz firme, com aquela velha mania de acreditar que nunca precisa de ajuda.— Precisa sim. — Insiste, firme, pegando a tipoia de suas mãos. — Levanta o braço, devagar.— Você manda em tudo agora? — Ironiza, mas ainda assim obedece, erguendo o braço com cuidado.— Só quando você resolve ser teimoso. — Rebate, ajustando o tecido em volta do ombro dele com delicadeza. — Assim está melhor. Vincenzo exibe um leve sorriso em agradecimento e, com a mão direita, envolve a dela, guiando-a pelos corredores.— Quer que eu chame um táxi? — Vittoria pergunta, quando eles alcançam a saída.— Não precisa. — Vincenzo responde, fazendo um gesto em direção ao veículo estacionado do outro lado da rua.Ele a conduz até o veículo, solta a mão dela apenas par