A noite caía sobre a mansão como um véu de seda, envolvendo tudo em sombras delicadas e silêncios carregados de promessa. Desde que haviam reatado, Alice e Daniel estavam se redescobrindo com a fome de quem já conhecia o gosto do outro, mas agora queria mais — mais verdade, mais entrega, mais pele.Naquele dia, Daniel encerrara uma videoconferência tarde, trancado no escritório, e Alice, inquieta, passava os dedos pelo corrimão da escada enquanto o esperava. As últimas semanas tinham sido de aproximação intensa. As feridas ainda existiam, sim, mas agora sabiam onde doía um no outro. Sabiam o que machucava e o que curava.Alice não era mais a moça contida que um dia entrara naquela casa para limpar vidros. Agora, carregava um brilho nos olhos que vinha da coragem de enfrentar tudo e todos. Daniel sabia disso. E desejava cada parte daquela mulher — especialmente a que ainda resistia um pouco a ele.Quando a porta do escritório se abriu e ele surgiu no corredor escuro, sem paletó, com os

A atmosfera na mansão havia mudado. Havia uma nuvem de tensão pairando entre as paredes amplas e luxuosas, embora todos tentassem fingir que nada havia mudado. Alice, mesmo sorrindo nos jantares e mantendo as rotinas com Sabrina, sabia que algo estava por vir. Seu corpo pressentia. Sua intuição gritava.Daniel estava mais introspectivo, envolvido em telefonemas longos e conversas sussurradas que cessavam sempre que ela se aproximava. E Alice, que já aprendera a desconfiar das ausências, começava a desconfiar do silêncio.Naquela noite, ela o esperou no jardim, sob o caramanchão coberto de jasmins. A brisa era fresca, e o perfume das flores parecia agravar o aperto em seu peito."Você está escondendo alguma coisa?" - perguntou ela assim que Daniel apareceu.Ele suspirou, sentando-se ao lado dela no banco de pedra. "Não estou escondendo. Estou tentando resolver antes de virar um problema maior.""Problema maior do que o quê? Quem é Artur, Daniel? Por que você não fala sobre ele?"Daniel

O céu da tarde parecia prestes a desabar em chuva, mas Alice não se importava. Pela primeira vez, os dias nublados não a intimidavam. Caminhava pelos corredores da mansão com passos seguros, o anel de noivado brilhando discretamente em seu dedo, como um lembrete silencioso de tudo o que vivera — e do que ainda estava por vir.Os preparativos para o casamento avançavam com a intensidade de um furacão. Convidados estavam sendo selecionados, flores escolhidas, músicos contatados. Mas Alice mantinha sua promessa: queria algo simples, mesmo que isso contrariasse os protocolos que a alta sociedade parecia querer empurrar sobre ela.Ainda assim, os comentários continuavam. Cada escolha dela era questionada, analisada, criticada.Telma deixava recados implícitos em conversas interrompidas quando Alice entrava. As empregadas comentavam os vestidos com ar de desdém. Algumas tias distantes de Daniel surgiram repentinamente com mensagens dúbias e sugestões não solicitadas.Mas nada disso abatia A

A lua de mel começou com céu claro e horizontes abertos. Daniel não quis revelar o destino até o momento do embarque, e Alice, embora curiosa, gostou do mistério. Sentiu-se leve, como não se sentia há anos.O jatinho particular decolou sob aplausos da equipe que trabalhava na mansão. Sabrina, com um sorriso raro no rosto, acenava da varanda, ao lado da mãe de Alice — que mesmo doente, fez questão de ver a filha partir para sua nova vida.O destino: Santorini, Grécia. Um paraíso pintado à mão, com casinhas brancas equilibradas nas encostas, o mar azul como promessa e o céu como bênção.“Você pensou em tudo,” Alice disse ao pousarem, os cabelos dançando com o vento quente do Mediterrâneo.“Eu só pensei em você,” Daniel respondeu, a voz rouca. “E em tudo que ainda quero viver ao seu lado.”Foram dias de encantamento. As manhãs começavam com o sol invadindo os lençóis brancos e corpos entrelaçados. Os beijos eram lentos, a fome de um pelo outro, quase insaciável. Exploravam a ilha, mas ta

Alice jamais esqueceria aquele instante.O sol banhava o jardim com uma luz dourada, e o calor da tarde trazia o cheiro das hortênsias que Telma cultivava com zelo. Mas nada era mais real do que o toque da mão de Daniel sobre sua barriga, sentindo a vida que se movia dentro dela.“Ele... ou ela... acabou de dizer que está aqui,” sussurrou Alice, com os olhos úmidos.Daniel engoliu em seco. A emoção o dominou, silenciosa, e lágrimas começaram a escorrer, sem que ele fizesse esforço para contê-las. Levou a outra mão ao rosto dela e sorriu com doçura.“Eu juro... vou fazer tudo diferente. Tudo certo.”Ela também sorriu, tocando o rosto dele com carinho. Mas havia algo novo no olhar de Alice: uma firmeza tranquila, um brilho de quem sabia que agora carregava mais do que uma história de amor. Era uma guardiã de uma nova vida, e isso lhe dava coragem.Nos dias que se seguiram, Alice mergulhou em novos rituais. Leu sobre maternidade, alimentação, cuidados com o recém-nascido. Começou a parti