POV Isadora FerrazO carro seguia em silêncio. Dante dirigia com as duas mãos no volante, o maxilar travado, a atenção presa em tudo, o trânsito, os carros atrás, o tempo nublado. Eu só ouvia a batida do meu coração, espaçada como se estivesse contando os passos até o cadafalso.A coletiva seria num auditório discreto, alugado por uma jornalista independente que topou bancar o evento depois que meu vídeo viralizou. Era o momento. A chance. A plateia estava formada por imprensa alternativa, alguns nomes grandes da mídia, ativistas, influenciadores, leitores, curiosos. Gente querendo sangue ou justiça. Às vezes, os dois.Meu celular estava desligado. Mas quando abri a bolsa para pegar o batom, encontrei o pendrive. Um pequeno objeto prateado. Nenhuma etiqueta. Nenhum bilhete.— Dante, você viu isso aqui?— O quê?— Esse pendrive. Não é meu.Ele olhou pelo retrovisor e depois pra mim. Pegou o objeto, virou nas mãos, conectou no notebook enquanto estávamos parados no sinal.— Tem um vídeo
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