POV Isadora Ferraz
Acordei suando. O lençol torcido ao meu redor parecia um nó mal desfeito. No quarto da Olívia, o silêncio tinha outro cheiro. Menos tenso. Mais... solitário.
Mas no sonho? No sonho, era outra vida.
Acordei no nosso antigo apartamento, o de antes da mansão. Onde as paredes eram brancas e os móveis, improvisados, mas a gente ria de tudo. Heitor apareceu na porta da cozinha, de cueca samba-canção e sorriso torto, segurando um buquê de flores misturado com um pacote de café.
— Eu não sabia se você precisava mais de afeto ou cafeína. — ele disse, rindo.
Na mesa, panquecas queimadas. Ele nunca soube cozinhar. Mas naquele dia, ele tentou. Só porque eu tinha recebido a resposta de um concurso de contos e não tinha passado.
— Você é brilhante, Isa. Não deixa um “não” te convencer do contrário. — ele me disse, me puxando pro colo dele. E ali, no abraço que cheirava a travesseiro e futuro, eu jurei que era amor.
Naquela época, ele não gritava. Ele sussurrava ideias de nomes par