Narrado por Leonid RaskolnikovMinha avó permaneceu em silêncio por um longo momento, seus olhos fincados em Zalea como lâminas que buscavam não carne, mas essência. Ela não era mulher de elogios fáceis. Cada palavra que deixava seus lábios era medida, pesada como chumbo. E, quando falou, sua voz cortou o ar com uma solenidade quase sagrada:— Vejo o mesmo fogo que sua mãe tinha nos olhos.Houve um silêncio espesso. Aquilo não era um elogio. Era um presságio.— Esse fogo pode te salvar… — continuou, sua mão ainda repousando sobre a de Zalea — ou te destruir.Senti o corpo dela tensionar sob meu toque. Mas, como uma chama que não se curva ao vento, ela sustentou o olhar da matriarca sem desviar, sem piscar.— Não tenho medo de me queimar, — respondeu, e sua voz era uma lâmina embainhada em veludo.Um sorriso, rarefeito e quase imperceptível, rasgou o semblante sério da minha avó. Era como ver uma estátua de granito suspirar.— Bom. — murmurou. — Você vai precisar dessa coragem para sob
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