AvaEntrei em casa com o salto na mão e o sorriso no rosto.Cansada? Um pouco. Mas satisfeita? Muito.A porta mal tinha batido atrás de mim e Gregório já apareceu no corredor, de bermuda cinza, camiseta preta e aquele olhar que dizia “me conta tudo agora ou eu morro.”Gregório: — E aí? Sobreviveu?Ava: — Sobrevivi. Mas não garanto que a Scarlett tenha.Ele abriu um sorriso malicioso e me puxou pela cintura, encostando a testa na minha.Gregório: — Me conta tudo, vai… quero cada detalhe.Ava: — Tem certeza?Gregório: — Tenho. Só não demora, senão eu te beijo no meio da história.Fomos pra sala. Joguei o salto no canto, me sentei no colo dele no sofá e encostei a cabeça no ombro do homem que agora era meu lar.Ava: — Começa com o vestido, tá? A Maya me deu um negócio tão matador que quando eu entrei no spa, o DJ quase perdeu a batida.Gregório: — Ah, então foi tipo desfile na Sapucaí?Ava: — Com fogos e tudo.Contei tudo. O silêncio quando eu entrei. As bocas abertas. O olhar da Scarlet

BrianEu já vi a Ava de várias formas.Com o cabelo bagunçado e a cara amassada de sono. De moletom velho, cozinhando algo esquisito que dizia ser receita da avó. Chorando assistindo a filme besta de romance. Brava porque eu esqueci nosso “aniversário de seis meses”. Rindo até perder o fôlego das minhas piadas idiotas.Mas eu nunca… nunca tinha visto ela daquele jeito.Não era só o vestido matador. Não era a maquiagem impecável, o cabelo preso elegante, a silhueta afinada, as pernas longas, os ombros à mostra. Era a forma como ela entrava num lugar. Como se o chão fosse extensão do salto dela. Como se todas as luzes se acendessem onde ela passava.Ava parecia inalcançável.E por um segundo, me deu vontade de voltar no tempo. De fazer tudo diferente. De impedir a merda que eu fiz quando deixei ela sozinha naquele altar, e fui atrás da mulher errada achando que estava “evoluindo”.Scarlett podia ter o corpo desejado, o status que minha mãe adorava, a arrogância que seduzia por cinco min

AvaQuando meu celular apitou, eu estava na academia com a Cessi. Tinha acabado de terminar a última repetição do circuito quando ouvi o som de mensagem. Peguei o aparelho ainda ofegante, enxugando o suor do rosto com a toalha.Mas quando li a mensagem… meu corpo gelou.“Oi, amor. Tá tudo bem. Sofremos um ataque em uma das bases. Fui atingido de raspão. Já estou sendo atendido. Te explico tudo quando chegar. Te amo.”A toalha caiu da minha mão. O celular também. Tudo ficou em silêncio, mesmo com a música alta da academia e os sons dos aparelhos.A voz da Cessi pareceu vir de longe:Cessi: "Ava? Que foi? Tá branca!"Eu me abaixei pra pegar o celular e só consegui dizer:Ava: "Gregório... foi baleado."O grito da Cessi ecoou mais do que o meu desespero.Não pensei. Não vesti outra roupa. Não peguei água. Não levei bolsa. Saí correndo da academia com o coração batendo tão forte que parecia qu

AvaEscolher o vestido certo pro casamento da Scarlett era mais do que uma tarefa. Era uma missão. Um ato de guerra silencioso. Eu não ia ser só uma convidada. Eu ia ser o lembrete vivo de tudo que ela tentou me tirar… e falhou.Passei a manhã toda revirando o armário, jogando vestidos em cima da cama, analisando cada detalhe, cada curva, cada decote. Nenhum deles era o bastante. Nada ali estava à altura do que eu precisava transmitir.Não era só sobre beleza.Era sobre domínio.Era sobre fazer aquela vadia entender que o reinado dela acabou.Peguei o celular e liguei pra Maya.Ava: “Preciso de um vestido novo. E não pode ser qualquer um.”Maya: “O que você tem em mente?”Ava: “Algo que cale a boca de todo mundo. Que transforme a noiva em figurante.”Maya riu do outro lado da linha.Maya: “Vem pra loja. A gente vai achar isso juntas.”---A loja da Maya era um refúgio de luxo e provocação. Toda vez que eu pisava lá, saía com a autoestima renovada. Dessa vez, não seria diferente.Ela m

AvaA igreja tinha sido um show, mas eu sabia que o grande palco seria mesmo a festa.Foi por isso que me preparei como se fosse a protagonista. E, honestamente? Eu era.Maya chegou cedo na minha casa. Ela estava armada com o vestido em uma capa de tecido, a maquiagem pronta na maleta e aquele olhar de quem sabia que estava prestes a cometer um crime fashion. Gregório ficou no quarto, deitado, enquanto a gente transformava o closet em camarim de diva.Maya: "Você vai matar essa festa. Literalmente."Ava: "Essa é a ideia."Vesti um longo vermelho-sangue com fenda lateral, decote profundo nas costas e detalhes em pedrarias negras. Um vestido que abraçava cada centímetro do meu corpo como se tivesse sido moldado pela minha própria pele. O cabelo foi preso num coque baixo, batom escuro, salto alto. Eu era fogo puro.Quando Gregório entrou e me viu pronta, ele travou na porta.Gregório: "Você... Você vai fazer todo mundo esquecer que tem uma noiva nesse casamento."Ava: "Esse é o plano, am