[NARRADO POR CAIO – O MURALHA] O portão do beco se abriu com o chiado velho de sempre. E quando bati o pé no chão da minha quebrada, deixei escapar, num sussurro: — “Enfim… em casa.” Alana parou do meu lado. Olhou pro alto do morro como quem encara um passado que não cabe mais na roupa. — “É estranho.” — “O quê?” — “Voltar pro morro… depois de ter saído daqui pra ser policial.” O silêncio engoliu o fim da frase dela. Mas eu sentia. Tava tudo ali na respiração dela — o peso, a dúvida, a culpa. E mesmo assim, ela veio. Comigo. Contra o mundo. Subimos o corredor apertado, o barulho dos cachorros latindo, grito de criança na laje, e o céu cinza virando teto de cimento. Abri a porta da minha casa. Não era mansão, nem castelo. Mas era meu trono. Nosso abrigo agora. Ela entrou devagar, passando a mão pela parede, como se sentisse o tempo acumulado ali. O cheiro do incenso velho, o sofá puído, o lençol jogado no canto. Tudo parado. Menos a gente. Ela sentou no sofá. Ficou cal
Leer más