Arthur caminhava com as duas certidões na mão como quem carregava dinamite.  Bateu duas vezes na porta da sala de Henrique e, sem esperar resposta, entrou.  Deu dois passos, parou — e travou.  Henrique estava encostado na mesa, rindo com Helena, que também sorria com aquele ar polido demais pra ser natural.  Um livro jurídico aberto entre os dois, e um comentário bobo sobre um caso de jurisprudência que, honestamente, nem era engraçado.  Mas os dois pareciam se divertir horrores.  Arthur bufou, já de cara fechada.  — Helena, pode nos dar licença por favor? — cortou, seco.  Ela levantou uma sobrancelha, ainda com um leve sorriso nos lábios.  — Claro. — Pegou o livro devagar, olhou para Henrique como quem se despede com charme, e saiu da sala com os saltos batendo no piso como se quisessem deixar marca.  Quando a porta fechou, Arthur disparou:  — Tá ficando doido, Henrique? Dando risadinha com a enviada especial do nosso pai?!  — Calma, não foi nada demais...  — Nada demais
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