O tiro atravessou o ombro de Linda, lançando-a ao chão. Ela agarrou o braço com desespero, e um gemido rouco escapou de seus lábios enquanto o sangue se misturava à gasolina que se acumulava sob seu corpo.Nesse instante, Karen não hesitou e correu imediatamente até a cadeira onde Thalassa estava presa, movendo-se de forma frenética, mas ainda assim determinada.— Fique quieta. — Murmurou, com as mãos trêmulas tentando desfazer as cordas que prendiam os pulsos de Thalassa.Após alguns segundos de esforço, os nós finalmente se afrouxaram, permitindo que Thalassa libertasse as mãos e, sem perder tempo, se abaixasse para ajudar Karen a desamarrar as pernas. Na sequência, o nó cedeu por completo, e ela se levantou com o coração batendo descompassado.— Precisamos sair daqui, Karen. — Disse, com a voz tomada pela urgência.— Sim. — Respondeu Karen, ofegante. — Vamos.Nenhuma das duas percebeu quando Linda enfiou a mão na bolsa e puxou uma pistola. Assim que se viraram para correr, um dispar

Três dias haviam se passado desde as mortes de Karen e Linda, mas as lembranças continuavam a assombrar Thalassa, persistindo em sua mente de forma vívida e implacável, sempre emergindo nos piores momentos: quando tentava dormir, enquanto brincava com Tessa ou até mesmo quando permanecia em silêncio absoluto.O fogo, os gritos, os restos carbonizados… Tudo voltava à sua memória com nitidez perturbadora.As autoridades chegaram cerca de vinte minutos depois, mas o incêndio já havia consumido tudo, restando apenas os esqueletos escurecidos pelo fogo. O corpo de Linda estava carbonizado, uma sombra da mulher poderosa que fora um dia, enquanto o de Karen, embora também irreconhecível, ainda mantinha traços que denunciavam sua estrutura.Thalassa sentira uma mistura estranha de emoções quando o laudo da autópsia confirmara que Karen morrera pelos tiros, não pelo fogo, e, acima de tudo, sentira alívio, pois isso significava que ela não havia sofrido nas chamas.Mesmo depois de tudo o que Kar

Imóvel, ele manteve o olhar preso a ela, e as palavras que ouvira continuaram girando em sua mente, incessantes, como um disco quebrado."Eu aceito me casar com você de novo... Se ainda me quiser."Ele piscou lentamente, sem saber se tinha ouvido certo ou se sua mente estava lhe pregando uma peça, sentindo as mãos ficarem úmidas de nervosismo, pois ela estava bem ali diante dele, olhando-o com aqueles olhos lindos e sinceros, e, ainda assim, ele teve a sensação de estar sonhando.Os segundos se arrastaram e Kris não disse uma única palavra, fazendo a expressão de Thalassa vacilar. Logo, o sorriso suave que antes adornava seus lábios desapareceu, e o brilho em seus olhos se apagou em um lampejo de arrependimento enquanto ela abaixava o olhar, mordendo o lábio inferior.— Sinto muito… — Murmurou em voz quase inaudível. — Eu fui muito insensível. Com tudo o que você está passando, eu não devia ter falado de casamento, como se fosse algo banal. Me desculpa, não era o momento certo.As pala

Kris se ajoelhou diante de Tessa, com o coração se partindo ao ver aqueles olhos grandes e inocentes fitando-o em silêncio, esperando uma resposta, enquanto a pergunta dela pairava no ar como um peso impossível de sustentar.Assim, ele inspirou fundo, lutando para encontrar as palavras certas. "Como poderia explicar algo tão permanente e cruel a alguém tão pequena? Como poderia pegar o mundo brilhante e puro dela e destruí-lo com algumas frases?" Durante todo o caminho até ali ele ensaiara o momento inúmeras vezes, mas cada tentativa o fazia sentir-se ainda mais incapaz.Kris olhou para Thalassa, que respondeu com um aceno encorajador enquanto pousava a mão sobre seu ombro. Em seguida, ele envolveu com cuidado as pequenas mãos de Tessa entre as suas e, com a voz trêmula, começou a falar:— Tessa, meu amor… — Disse suavemente, com a voz doce, mas carregada de dor. — A mamãe te amava muito... Mais do que qualquer coisa neste mundo.Tessa inclinou a cabeça, com o cenho se franzindo.— Ent

Kris balançou a cabeça lentamente, com os lábios se curvando em repulsa enquanto encarava o homem à sua frente, sem conseguir acreditar que um dia havia considerado aquele canalha como um amigo.— Você nunca passou de um parasita. Para você, tudo gira em torno do dinheiro, não é?Henry deu de ombros com indiferença, embora o sorriso arrogante em seu rosto denunciasse o quanto se sentia superior.— Poupe-me do sermão, Kris. O dinheiro move o mundo. Você, mais do que ninguém, deveria saber disso a essa altura.Thalassa avançou, estreitando os olhos com firmeza.— Está disposto a vender a própria filha por um bilhão de reais? É isso o que ela vale para você?Ele deu outro leve movimento de ombros, visivelmente despreocupado.— Bem... — Disse, acariciando o queixo de forma debochada. — Agora que mencionou, não me importaria se aumentassem a oferta. Vamos fechar em dois bilhões. Agora quero dois bilhões. — Seu sorriso se alargou como se tivesse acabado de fechar o melhor negócio da vida.Ao