LARAAcordo com o silêncio. Ainda não é dia. O céu além da janela tem aquela tonalidade azul escura que precede o amanhecer, como se o mundo ainda respirasse devagar, com medo de acordar.Estou no quarto de hóspedes da mansão de Dorian, mas não estou sozinha. Minha mãe dorme ao meu lado, virada para a parede, com a respiração calma e os cabelos bagunçados no travesseiro. É uma cena rara. Há muito tempo não compartilhamos um espaço assim — íntimo, tranquilo, só nosso. E é reconfortante saber que, apesar de tudo, ela está aqui.Visto o robe de seda que deixei dobrado na poltrona e caminho em silêncio até a varanda. O ar da manhã está frio e úmido, o tipo de ar que te obriga a lembrar que está viva. Apoio as mãos na grade e inspiro fundo, tentando acalmar o coração.Hoje é o meu casamento.A simples ideia é surreal. Não pela cerimônia em si, mas porque, de algum modo, depois de tudo o que aconteceu entre nós — a dor, o afastamento, a mágoa, os muros — eu e Dorian chegamos até aqui. Junto
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