Isadora puxou Vitória pelo braço com uma força quase agressiva, o olhar pesado fixo em Rafaella. Sua respiração era curta, o rancor evidente nos olhos escuros.— “Vamos ao banheiro, Vitória. Preciso falar com você longe daquele olhar de cobra dela.”Vitória, sempre mais contida, tentou acalmar a amiga, mas sentiu o peso da raiva que emanava de Isadora.No corredor, elas quase esbarraram em Rafaella, que caminhava tranquila, os passos firmes, como se fosse dona daquele lugar. Os cabelos soltos balançavam levemente, e os olhos azuis, frios, fitavam diante de si, ignorando completamente a presença das duas.Isadora não conseguiu conter a ira. A voz saiu ríspida e venenosa.— “Você não cansa de perseguir o Bruno? De tentar roubar o que nunca foi seu?”Rafaella parou por um instante, sem nem se virar. Um sorriso quase imperceptível, mas carregado de desprezo, desenhou-se em seus lábios.— “Perseguir? Eu? Só estou vivendo minha vida, diferente de quem vive às sombras de um homem.”Isadora e

Os dias passavam em aparente harmonia na mansão Andrade. Matheus estava cada vez mais animado com a proximidade de seu aniversário. Falava disso o tempo inteiro: os balões, o bolo, os super-heróis… e, claro, os convidados.Na manhã de sábado, durante o café da manhã, ele pulava na cadeira ao lado de Santiago, que lia o jornal, enquanto Rafaella e Rebeca tomavam café na varanda.— “Mamãe, vamos convidar o tio Bruno, né?” — Matheus perguntou de súbito, fazendo todos na mesa pararem por um segundo. — “Ele veio aqui esses dias. E ele foi legal… trouxe brinquedo e tudo!”Rafaella, que segurava a xícara, congelou. Santiago abaixou o jornal devagar e olhou para ela. O silêncio pareceu pesado por um instante.Matheus, inocente como sempre, continuou:— “E o tio José também! Ele é engraçado. E eu vi ele beijando a tia Beca outro dia escondido, né tia Beca?”Rebeca engasgou com o café. Tossiu, tentando conter o choque. Rafaella arqueou uma sobrancelha, virando-se imediatamente para a irmã.— “T

A sala principal da mansão dos Santos estava movimentada. Joana Santos, com seu clássico vestido de seda pérola e colar de pérolas legítimas, recebia suas amigas da alta sociedade para um brunch regado a espumante francês e comentários venenosos.Isadora, como sempre, estava ao lado da madrinha, tentando se manter relevante no meio das mulheres mais influentes da Vila Florença.O som da campainha interrompeu as risadas suaves.Logo, um dos empregados atravessou a sala carregando uma enorme caixa com o logotipo de uma loja de brinquedos de luxo.— “Senhora Joana, chegou mais uma encomenda para o senhor Bruno.” — anunciou o mordomo.Todas as mulheres se entreolharam com curiosidade. Joana ergueu uma sobrancelha, intrigada.— “Mais uma?”O empregado deixou a caixa sobre a mesa auxiliar com todo o cuidado. Em letras grandes lia-se: “Quadriciclo Motorizado - Edição Off-Road Kids”.Antes que alguém comentasse, José Ricardo entrou na sala com um sorriso debochado e uma segunda caixa nas mãos

O jardim da mansão estava impecável. Balões em tons suaves de azul e branco, mesas decoradas com delicadeza e brinquedos espalhados para entreter as crianças. O clima era leve, festivo. Matheus, com três anos recém-completados, corria animado com outros amiguinhos, vestindo um pequeno terno que o deixava a cópia exata de Santiago, seu modelo de herói.Rafaella observava tudo com um sorriso calmo, vestida com um modelo clássico, elegante e sem extravagâncias. O vestido, num tom creme acetinado, abraçava sua silhueta com suavidade. Os cabelos estavam presos em um coque baixo, realçando os brincos de pérola herdados da avó. Ao lado dela, Santiago usava um terno cinza escuro com gravata discreta e segurava uma taça de espumante enquanto conversava com familiares argentinos que haviam viajado especialmente para a festa.A harmonia do trio era evidente. Rafaella, Santiago e Matheus pareciam ter saído de uma revista de família perfeita — e isso ferveu o sangue de Antonela, que observava tudo

Matheus, com as bochechas vermelhas de tanto sorrir, segurava o pratinho com o primeiro pedaço de bolo.— “Esse vai pro meu papai!” — gritou animado, estendendo o prato para Santiago.Santiago se agachou, surpreso, com um sorriso emocionado. Pegou o pratinho e beijou o topo da cabeça do menino.— “Obrigado, meu campeão.”Rafaella sorria com os olhos brilhando. Ao lado dela, Rebeca enxugava uma lágrima discreta. A cena era perfeita — família, alegria, amor verdadeiro.Mas essa perfeição durou pouco.Do nada, um barulho de palmas lentas e sarcásticas ecoou pelo salão. Joana Santos adentrou o espaço com um vestido de linho claro e colar de pérolas, acompanhada de Isadora, que usava um vestido justo e salto fino, o olhar carregado de veneno.— “Muito bonito, dona Rafaella...” — começou Joana com desdém, batendo palmas. — “Festa linda, cheia de sorrisos... mas com uma mentira plantada bem no meio.”Os convidados começaram a se calar aos poucos. O clima mudou drasticamente. Emilio Santos te