O céu estava límpido em Hampton naquela manhã de primavera, como se o próprio tempo tivesse se curvado ao desejo de Cora Carter. A mansão, imponente e elegante sobre a colina, havia sido preparada com um esmero quase reverente. Cora fizera questão de que a cerimônia acontecesse ali — no jardim dos fundos, onde roseiras em plena floração emolduravam o altar, e as colunas de mármore sustentavam arranjos altos e delicados, em tons suaves de lavanda e creme. Sem falar da vista para o mar, que era sempre seria o melhor cenário para uma cerimônia de casamento. Os convidados chegavam aos poucos, guiados por atendentes discretos. Tudo estava em seu devido lugar: os músicos, com seus violinos afinados; os garçons, com bandejas de prata e sorrisos contidos; os familiares próximos, todos em trajes sóbrios, mas elegantes. Liam, visivelmente ansioso, andava de um lado ao outro em frente ao altar. E Sophie… Sophie estava deslumbrante. Ela surgiu acompanhada por Martha, a mãe, os cabelos preso

Mais tarde, quando o céu já se tingia de um azul profundo, quase negro, com estrelas tímidas despontando sobre o mar, Cora anunciou que preparara um jantar especial. Seria algo simples, como ela mesma disse — mas seu "simples" sempre vinha com louça de porcelana, talheres de prata e arranjos de flores recém-colhidas no jardim da frente. Além deles, dois casais amigos dos Carter se juntaram à mesa, trazendo um ar de nostalgia para Leonard, que, desde que se afastara das rotinas exaustivas dos negócios, encontrava nesses encontros um alívio, uma espécie de segunda juventude. Seus olhos brilhavam enquanto relembrava histórias antigas, brindava e sorria mais do que costumava. Cora, sentada ao seu lado, o observava com ternura discreta, como quem compreendia o que aquilo significava para ele. O jantar correu bem, com risadas espontâneas, lembranças compartilhadas e o barulho de talheres ecoando suavemente entre os diálogos animados. Sophie manteve-se tranquila, apesar da exaustão evi

James se levantou com a espinha reta, os músculos tensos. Sophie ficou imóvel, os olhos fixos em Liam. O silêncio que antes era tenso, agora era cortante. Liam deu um passo para dentro. Um só. — Parece que perdi alguma coisa — disse, e sua voz, embora contida, tinha um peso que fez o ar ao redor deles mudar. James não respondeu. Sophie tampouco. Liam olhou para um, depois para o outro. E então sorriu. Um sorriso frio, cansado. Um que não alcançava os olhos. — Espero que o fim de semana esteja sendo... produtivo. E então, sem esperar por resposta, virou-se e desapareceu no corredor da casa. James sentiu o estômago despencar. Olhou para Sophie, que permanecia ali, parada, com as mãos apertadas ao corpo, como se segurasse as próprias emoções. O pôr do sol tinha ido embora. E a noite havia chegado de vez. Sophie se retirou para o quarto, sem dizer nada. James permaneceu na varanda, de pé, as mãos nos bolsos e o olhar perdido na escuridão da noite. O som das ondas lá em

James respirou funco enquanto fechava a porta. — Eu vou... vestir algo e já volto. — James avisou. Ele foi até o quarto e escolheu uma muda de roupa aleatória e vestiu. Voltou a para a sala, ainda com os cabelos molhados e os pés descalços. — Está tudo bem? — perguntou. Sophie assentiu, mas parecia haver um turbilhão por trás do gesto. — Eu... — começou, parando no meio da frase. Mordeu o lábio inferior, como se estivesse decidindo se continuava ou não. — Eu precisava te ver antes que você fosse embora. James sentiu o estômago revirar. — Como você soube? — Michael. Ele falou comigo sobre a sua transferência. Achei que você não fosse se despedir. Ele passou a mão pelo cabelo, frustrado. — Achei que seria mais fácil assim. Menos confuso pra todo mundo. Ela o encarou com olhos úmidos, mas firmes. — Você sempre acha que desaparecer é o melhor caminho, James. Mas às vezes, ficar... também pode ser um caminho fácil. Aquela frase o atingiu como um golpe inesperad

Seis meses. Seis longos e, ao mesmo tempo, curtos meses. A vida parecia ter se dividido em antes e depois. Antes… quando tudo era caos e desejo, esperança e medo, amor e confusão. E depois… quando ela precisou simplesmente aceitar, respirar fundo e seguir. Mesmo com o peito apertado, mesmo com o coração desalinhado do rumo que a vida parecia querer tomar. Agora, ali, sentada na sala de espera da oncologia, com uma mão repousando sobre o ventre já pesado e a outra segurando com firmeza a mão da mãe, Sophie sentia-se cansada. Cansada física, emocional e mentalmente. As contrações de treinamento eram constantes, como pequenos lembretes de que logo a vida mudaria de novo. E, se era possível, uma parte dela se sentia pronta — não para tudo, mas para aquilo que mais importava agora: ser mãe. A consulta não demorou tanto quanto imaginavam. O oncologista foi direto e gentil. — A boa notícia — disse, com um sorriso que parecia tão raro naquele ambiente — é que os exames mostram uma