Narrado por Ares MarinoVinte e quatro horas.Foi o que eu dei.E vinte e três horas e cinquenta minutos depois, Apolo e Zeus estavam de volta.Na mesa diante de mim, um fichário de couro preto repousava como se fosse apenas mais um documento qualquer. Mas não era. Era o catálogo da morte. Uma lista sagrada, marcada com sangue, com o nome de cada desgraçado que ousou tocar no meu território, na minha honra, na minha mulher.Apolo jogou o fichário sobre a mesa com força.— Aqui estão todos. Do entregador que desviou a encomenda até o infiltrado da segurança. A lista tem 17 nomes.Zeus cruzou os braços. O olhar dele estava ainda mais escuro do que ontem.— Investigamos um por um. E não teve erro. Se tá nessa lista, é porque teve o dedo sujo no atentado.Abri o fichário.Nome por nome.Homens que eu conheci. Homens que estiveram nas minhas festas. Homens que me serviram vinho. E que, pelas minhas costas, serviram munição aos meus inimigos.Apolo continuou:— O cozinheiro entregou os horá

Narrado por IsabellaO céu começava a escurecer quando Ares me pediu para me arrumar. Ele não deu detalhes — só disse que eu deveria vestir algo confortável, mas especial. Escolhi um vestido branco de tecido leve, deixei o cabelo solto e calcei sandálias simples. Achei que seria um jantar à luz de velas, ou talvez uma noite no quarto, já que ele ainda insistia que a lua de mel podia esperar.Mas quando ele apareceu na porta do nosso quarto, com aquele sorriso contido e os olhos faiscando como se estivesse escondendo o maior segredo do mundo, eu soube que não era apenas um jantar.— Pronta? — ele perguntou, estendendo a mão.— Estou curiosa — respondi, aceitando seus dedos entre os meus.Seguimos pelos corredores da mansão até a porta lateral que dava acesso aos jardins. Mas não paramos ali. Ares me guiou por um caminho de pedras iluminado por pequenas velas em potes de vidro. Era como andar por entre estrelas.— O que você está tramando? — perguntei, rindo.— Uma promessa — ele respon

Narrado por Isabella MarinoAcordei com um bilhete preso à cabeceira da cama."Vista algo leve. E confie em mim.– Ares."Franzi o cenho, ainda sentindo o corpo mole de sono, mas o coração já batia acelerado. Desde que matamos Marcos e os irmãos de Ares começaram a caça, as coisas ficaram mais frias, mais duras, mais silenciosas. Era como se estivéssemos segurando a respiração. Mas ali, naquele bilhete, havia algo diferente. Leve. Vivo.Me vesti como ele pediu. Calça branca de linho, blusa de seda solta, cabelo preso num coque bagunçado. Quando desci, ele já me esperava na porta da mansão.Camisa clara com as mangas dobradas, óculos escuros e um sorriso que eu não via há dias.— Pronta? — ele perguntou, estendendo a mão.— Nem sei pra quê estou me preparando.— Ainda bem. Surpresas só funcionam com pessoas curiosas.Entramos no carro e dirigimos por quase uma hora. Cruzamos vinhedos, subimos por estradas que pareciam desaparecer entre as colinas da Toscana, até que paramos diante de u

Narrado por Ares MarinoVoltar pra casa depois de matar um inimigo tem um gosto estranho.A adrenalina ainda pulsa no sangue. A mente trabalha mais rápido. Mas o corpo quer repouso. E o coração… quer ver o rosto dela. Isabella.Cruzei os portões da mansão por volta das dez da manhã. O sol já estalava no céu, e meus homens se dispersavam discretamente pelos corredores. Estavam atentos. Desde o atentado, o clima na propriedade mudou. É como se todos soubessem que estamos prestes a atravessar o limiar final dessa guerra.No jardim, Isabella estava com Luna nos braços, sentada na sombra, balançando a filha devagar, como se aquele mundo lá fora não pudesse tocá-la. Mas podia. E Viktor tentou.Aproximei devagar, abaixei e beijei a testa da minha filha, que sorriu sonolenta. Isabella levantou os olhos pra mim.— Correu tudo bem? — ela perguntou.— Rafael está morto. E deixou um presente.— O que ele disse?— O esconderijo do Viktor. Achamos. Ele tá escondido numa fortaleza subterrânea, entre